IDÉIA FIXA

Concordo com Bras Cubas quando diz: Deus te livre leitor, de uma idéia fixa ; antes um argueiro, antes uma trave no olho. Realmente, eu que o diga, não é uma coisa fácil de lidar, mas não impossível de resolver. Contudo, não tratarei deste assunto, estou às voltas com Charles-Louis de Secondat , o famoso barão de Montesquieu, estou lendo dele Cartas Persas I,(datadas de 1721) onde ele faz uma análise entre paixão e razão, que Ciro Mioranza considera um estudo filosófico-social das potencialidades do homem em contraposição com as instituições criadas e impostas por alguns destes mesmos homens. É uma representação dos valores individuais que gritam por liberdade, mas que se encontram sob a opressão do sistema. Não chega a ser uma leitura interessante, embora o esquema da obra seja considerada simples e inteligente, trata de alguns viajantes da Pérsia que se instalam em diversas cidades da Europa e passam a se corresponder entre si e com os familiares e amigos , esses viajantes são muçulmanos que se transplantam no coração da Europa cristã e relatam de maneira contrastante as coisas reais e a maneira singular, singela ou esquisita pela qual eram percebidas.

Interrompo a leitura... Não sei explicar, mas me sinto desconfortável, parece que a minha consciência me acusa de alguma coisa. Grita dentro de mim uma vontade de não sei quê. Ah, o que é consciência, senão a mera superfície da nossa mente, que nem conhecemos. e a VONTADE, essa reside sob o intelecto consciente, - consciente ou inconsciente - funciona como uma força vital esforçada e persistente, uma atividade espontânea, uma fonte de desejo imperioso. NÃO QUEREMOS UMA COISA PORQUE ENCONTRAMOS RAZÕES PARA ISSO, ENCONTRAMOS RAZÕES PARA ISSO PORQUE QUEREMOS. Daí o velho Schopenhauer taxar o homem de “animal metafísico”. O mesmo velho Schopenhauer que acreditava que o amor forte só pode existir na perfeita conformidade de dois entes.