Pai, Mãe....S O C O R R O

E o pedido de socorro que os filhos gritam está cada vez mais veemente, cada vez mais dolorido, cada vez mais menos ouvido. A reportagem que ontem foi transmitida pelo jornal da tarde, na TV Globo voltou a me chocar, como chocam todos os outros gritos dos jovens pedindo socorro aos seus pais. Eles imploram por serem notados, queridos, sentidos e amados por pais cada dia mais ausentes, ocupados que estão em “prover” o Futuro dos filhos. E os filhos, cansados de falar, de gritar com a garganta, gritam com feridas, hematomas, fraturas, criadas em movimentos de revolta por serem ignorados por aqueles que deveriam protegê-los e amá-los. Combinam lutas para filmar e colocar na internet. Querem ser vistos, mas não querem ser vistos pelo mundo, querem ser vistos por seus ausentes pais. A desculpa de que o mundo e a vida estão cada vez mais competitivos e é preciso ir à luta está gangrenando as relações familiares e, sem relação familiar saudável o que se vê é uma sociedade se esfacelando em disputas sem regras, sem ética, sem respeito. As famílias não se vêem mais, não tomam café da manhã juntos, não almoçam juntos e, em conseqüência, não conversam, não discutem (civilizadamente) os sonhos, os problemas, os anseios. A vaidade do necessitar ter para não parecer inferior, a necessidade da vaidade de parecer ser, brilhar, aparecer, porque quem não “aparece” no mundo de hoje, não é. Tudo vaidade, estupidez e burrice grosseira e são os filhos quem tem que pagar pela correria das aparências. Filhos pedem socorro das mais variadas maneiras, inclusive implorando para que seus pais aprendam a dizer NÃO. Mas não há tempo para isso, é preciso ir à luta com unhas e dentes, filhos são só crianças. Não consigo ver lógica na filosofia do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Mas uma coisa é muito certa nisso tudo. A notoriedade que se busca está sendo conseguida, nas páginas policiais, nas imagens patéticas de jovens apinhando delegacias, amuados, deprimidos, infelizes, mutilados no corpo e na alma, quando deveriam estar alegres, com um sorriso sadio na cara encantando e encantados com a vida. E os pais, com cara de tacho e a frase na testa “Meu filho tem tudo do bom e do melhor. Não entendo porque" . Pois é, os filhos entendem.