CÃO...PAIXÃO
Geralmente escrevo minha crônicas pendendo para o lado humorístico pois, a meu ver, mesmo se tratando de algum assunto mais sério como uma crítica, uma reflexão ou indignação, sempre caberá uma pitadinha de bom humor e com isso não cansaremos o leitor(coitado...isso que é amigo) portanto, apesar do assunto aqui ser sério, tentarei não ser maçante.
Hoje passei na casa de um casal, amigos meus, para vermos o que faríamos a noite e ela meio desanimada disse que iríamos numa pizzaria como de costume (quando não fazemos churrasco na casa deles) então indaguei sobre o desânimo.
- Minha cadela está quase morrendo!
Eles tem uma Cocker que fica abandonada nos fundos do quintal da outra casa (eles alugam duas) onde, somente o marido, diariamente coloca ração e água.
Dá para chamar isso de bicho de estimação?
Para se ter um bicho de estimação (e olha que a lista dos tipos é imensa) é preciso ter responsabilidade e comprometimento para com o mesmo (não o marido...o bicho), não basta comprar um animal porque o seu filho achou bonito e pediu, porque o amiguinho dele tem ou por qualquer outro motivo que não seja amor e carinho.
Só porque é um animal irracional podemos deixá-los de lado ou tratá-los como se estivessem numa prisão a pão e água (ops...ração e água)? Não acho justo!
Tenho dois boxer’s (o tigrado: Toby e o branco: Max...isso para os íntimos pois para os desconhecidos: Tobyas e Maxuel) e vocês precisam ver a alegria deles quando chego em casa (tipo...meu cachorro me sorriu latindo), até digo que se minha família me recebesse como o meus cães...ai ai...acho que iria latir de emoção, e nunca entro sem antes brincar com eles (os cães) ou fazer um carinho, o mais velho (o Toby) fica olhando para minha cara e andando de lado de um lado para o outro que nem caranguejo até eu dar atenção ou falar com ele.
Quando viajamos eles ficam dias sem comer ...de tristeza, sentindo nossa falta, das brincadeiras, dos beijos que minha filha dá neles (até fico com ciúmes), de entrar dentro da casa, dormir no tapete da sala, atrás do barzinho da copa...enfim, eles sentem a falta da nossa presença visivelmente. O que vale comprar uma tartaruga para seu filho (cagada...cagada mesmo...não cágado) para que serve uma tartaruga? Ela não abana o rabo, não corre atrás da bola (aliás nem corre), não brinca (não sorri latindo), não olha a casa (acho que nem a dela) e dura mais de 100 anos...imagine seus netos falando:- Por que será que o burro do nosso avô nos deixou uma tartaruga de herança?
Nada contra as pessoas que adquirem ou tem bichos de estimação...digamos...estranhos, desde que os tratem com amor, carinho, que cuidem deles, não os deixem soltos ou abandonados passando fome ou sede.
O que dói o coração é que as pessoas deixam eles procriarem (a torto e direito) e depois soltam seus filhotes nas ruas e estradas da vida para morrerem de fome ou atropelados...outro dia passei por um cachorro arrastando as duas patas traseiras numa rodovia...até chorei imaginando o sofrimento dele...e só não parei para pegá-lo por não ter, na minha cidade, um veterinário que pudesse aliviar aquele sofrimento...meu Deus...o animal é um ser vivo que tem dor, que sente fome e sede, que tem frio e o que é pior...não sabe falar para pedir socorro, para pedir ajuda ou mesmo um pedaço de pão amanhecido.
Vamos ser mais conscientes...cuidar melhor destes animais que, por muitas vezes, demonstram o amor incondicional que sentem por nós, que são fiéis a vida toda e exigem em troca apenas um afago (nem precisa cartão de crédito sem limites).
O Max (o boxer branco) está me olhando como quem diz:- Chega! Está ficando longa demais, pare e vamos brincar. Acho que vou atendê-lo.
Wilson Silvério