Pensando
               no fim do mundo...


          Enquanto, na orla, fazia meu necessário cooper, seguia pensando seriamente no fim do mundo! Vez em quando, acho que ele está muito próximo.
          Esquecido, por completo, do queouvira de minha mãe, poucos dias antes dela morrer: "O mundo se acaba pra quem morre, meu filho". Ela viveu mais de 96 anos e morreu lúcida.
      Certo é que, apesar da irretocável constatação materna, continuo acreditando que, de repente, o mudo vai sumir na fumaça. O cruel é saber que, com o fim do mundo ou da Terra, deste preocupado escriba nada sobrará. 
          Muito bem. Fazia o meu cooper , numa tarde de sol pleno. Depois de muitas tardes nubladas, finalmente a Pituba ganhava um céu sem nuvens e um mar tranquilo; um mar de almirante.
          Os saveiros navegavam em águas próximas,  sem enfrentar uma só marola. E meia dúzia de  pescadores alegres recolhiam suas redes, depois de uma boa pescaria.
        Numa tarde tão esplendorosa como aquela, por que eu insistia em pensar no fim do mundo?
       Imaginava, entre outras coisas, que, com a morte da Terra, desapareceriam espetáculos grandiosos como o que, naquele instante, a orla de Salvador oferecia. Nunca mais a Pituba teria uma tarde tão bonita...
       Verdade é que essa de fim-do-mundo sempre me preocupou; ou melhor, sempre me apavorou. 
           Medo de ser julgado no Tribunal Divino? - (Nunca consegui descrever, amigos, o que senti, na Capela Sistina, ao me deparar com o Juizo Final de Michelangelo.)
           Houve um tempo em que, para mim, os relâmpagos e os trovões nada mais eram do que avisos que o mundo ia acabar. 
           Pensei, que ingressando na tal da terceira idade, esse pavor desapareceria de vez . 
          Isso, a rigor, não vem acontecendo. Os clarões no céu ainda me assustam. Risque no horizonte uma estrela cadente e imediatamente volto a pensar na morte do mundo. Ridículo, né mesmo?          
       Leio, agora, na Veja que "a nova data para o apocalipse é 2012", predição baseada na sabedoria milenar dos maias. 
        A matéria que a revista publica com destaque, informa que de três maneiras ocorreria o fim do mundo: 
- "O mundo seria atacado por alienigenas";
- "O enfraquecimento do campo magnético do planeta, provocando a extinção da vida"; 
- "Um corpo celeste colidirá com a Terra".

     Ficaria com a terceira hipótese. Com colisão de um corpo celeste com nosso planeta o fim dos terráqueos seria menos traumático.
     Enfeitando ainda, o cenário, na praia,  lindas turistas estrangeiras, vestindo biquínis sumríssimos, aproveitavam o sol amigo da Bahia para bronzear seus bustos e nádegas fartos e braquelos.
     Cruzando com duas senhoras, de idade avançada, vi que elas se benziam, dizendo: "É o fim do mundo! É o fim do mundo!"
         Tomei um susto. E procurei saber o que havia levado as duas senhoras a se persignar e anunciar o fim do mundo.
           Pasmem! Elas se diziam hororizadas com o biquíni de uma das turistas, que mal lhe cobria seus rosados seios. 
          Não me contive. Olhei pras duas senhoras e baixinho lhes disse: ora,ora, minhas pudicas madames...
           Interrompi o cooper para admirar e aplaudir a gringa seminua.
  

      

      
     

   
          




         
         
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 07/02/2009
Reeditado em 02/12/2019
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