MESA DE BAR
- Garçom, por favor, uma loira “daquelas” bem gelada.
- Não, não... pra mim uma pinga.
- E pra mim um rum...
- E , por favor, vermute com gim aqui para as meninas.
A mesa de bar é uma terapia. Você não precisa nem está bebendo. Basta nela está. Os risos, as conversas, as intrigas momentâneas, os porres, as ressacas...
- Garçom, temos o que de tira-gosto... para os mais sofisticados, petisco.
- Ah, meu patrão! Tenho torresmo, escondidinho, carne de sol com macaxeira e feijão verde, ovinhos de codorna e de caça temos: Tejo, coelho,nambu, peba, tatu, “avueto”, rolinha e pombo...
- não, não... caça não! Somos pessoas ecologicamente corretas.
Xi, e os amigos de mesa de bar?! Nunca vimos a pessoa, mas ali na mesa de um bar a conhecemos, ficamos amigos no momento, desabafamos, fazemos negócios, trocamos confidências, ela me paga uma bebida, eu pago uma bebida pra ela, tudo isso, mesmo que mais nunca fale com aquela pessoa quando ela passar do meu lado. Essa é a graça da mesa de bar: aproximar pessoas num momento único.
Já ri em mesa de bar, discuti, dancei em cima, chorei, afoguei mágoas, me afoguei no copo, me lambuzei, fiz amigos, paquerei, namorei, acabei namoro... acho que 80% de meus sentimentos vividos e sofridos se deram em mesa de bar.
- pronto garçom, escolhi... me traz aquela carne de sol com macaxeira. Ah, e a manteiga de garrafa viu?!
Em mesa de bar já cantei, toquei pandeiro, cavaco e tamborim, já escrevi poemas e compus músicas, já escutei músicas: pop, rock, forró, pagode, brega, romântica: música popular brasileira... até um texto já escrevi numa mesa de bar. O título do texto foi: “mesa de bar”.
-Ah, garçom! Pergunta aí ao dono dessa espelunca se não tem uma cervejinha mais gelada... porra Flan! Me traz uma cerveja mais gelada aí se não eu saio daqui agora e corro lá para o bar dona Dejane. Me traz logo que já acabei o danado desse texto...