O saci
Muito antes de aprender a ler, tomar conhecimento do folclore brasileiro, antes mesmo de saber da existência do personagem de Monteiro Lobato,já sabia da peripécias do negrinho de uma perna só.
Interessante, eu era criança, mas os adultos também acreditavam que ele de fato existia e alguns acontecimentos pareciam comprovar isso.
Constantemente apareciam trancinhas feitas na crina dos cavalos, bem feitas por sinal, outras vezes na cauda e eram atribuídas ao saci a confecção das mesmas.
Quando se tornava difícil encontrar um animal desaparecido culpava-se ele, embora ninguém tivesse visto para comprovar.
Falava-se até que ele podia esconder pessoas e animais no alto dos pinheiros, o qual levantava através de redemoinhos.
Diziam que ele confundia as pessoas no meio do mato fazendo que elas perdessem o rumo e, portanto fossem para outro lugar e não ao que tinham planejado.
Eu em criança acreditava piamente na existência deste ser e de outros da mesma natureza.
A solução para ficar de bem com o saci e fazer com que ele desmanchasse alguma traquinagem era oferecer-lhe um pedaço de fumo em corda para seu cachimbo.
Lembro que muitas vezes, escondido dos meus pais, colocava um pequeno pedaço de fumo no bolso,quando era mandado sozinho para algum lugar,como medida de segurança para a eventualidade dele aparecer.
Quanto às trancinhas e algum tipo de estribo que faziam com a crina dos cavalos, algum malandro deveria ficar rindo da crendice da maioria.