Os seres humanos possuem um centro interior que é como um reservatório de poder e conhecimento, uma verdadeira fonte de luz, um campo de energia. Está lá, faz parte de nós, é o que nos liga a nós mesmos, à nossa Criação, ao Cosmos.
Algumas raras vezes pessoas têm experimentado uma súbita sensação de alegria, paz, beatitude. É como se estivéssemos, naquele momento, erguidos por mãos invisíveis; como se estivéssemos encouraçados por um elmo de proteção luminosa; sentimos vontade de sorrir e ficar imóvel, ali, onde a serenidade é inabalável. É um momento raro. Pode acontecer enquanto estamos abrindo a porta para sair, esperando um ônibus, sob o chuveiro, andando na praia, no meio de uma festa, em ocasiões inesperadas.
 
Por que buscamos este raro encontro e ele ocorre quando menos esperamos? Às vezes nem fazemos a ligação, passa batido mesmo. Isto porque não prestamos atenção, vivemos desassociados do Elo Maior. Para alguns, ocorre com freqüência, para os que aprenderam a busca-lo. E se somos fiéis a esta busca, podemos ser agraciados quando quisermos, desde que não nos deixemos perturbar pelas ocorrências turbulentas da vida. Quando fazemos a ligação com esta fonte interior de serenidade, parecemos uma criança descobrindo a alegria de brincar com uma simples folha de papel ou com o olhar fixo em uma cor, ouvido atento a um som, vista e escutado pela primeira vez.
 
Como achar esta mágica e encontrar-se com ela quando ansiamos por isto?
Talvez o conhecimento de si mesmo de modo mais amplo seja a matéria principal. Estar consciente, perceber não apenas o que está sendo visto por todos, mas o que está além. É no momento que a “casa” está quase desabando, a hora de buscar o nascedouro íntimo. De ir fundo. Parar, aquietar-se, apenas respirar. E meditar. Não julgar, nem buscar respostas, nem se impacientar por não sentir ou ver algo, mas apenas silenciar e reter o bem estar, como a concha guarda a pérola.
Depois, podemos continuar prestando atenção, observando a vida, como se estivéssemos em um cannyon, à beira de um abismo, gritando e escutando o eco de nossa voz. Desta forma, percebemos muitas vezes, a razão dos acontecimentos, o “para que” aconteceu isto ou aquilo. O que vai, volta.
Compadecer-se também faz parte do “curso”. Responsabilizarmo-nos com tudo o que fazemos, é outra matéria que, quando não assimilada, pode nos fazer repetir de novo, e de novo. Estar em sintonia com a Natureza, ah! Isto faz grande diferença. Não só ser empático com o outro humano, mas também com os outros seres vivos.
Tornamo-nos parte de mar e ele torna-se parte de nós, quando entramos nele expansivamente, é o que chamamos de resiliência..
 
São pequenas grandes atitudes que fazem a diferença.
 
Porém, sinto que a parte principal do percurso deste caminho é: Prestar atenção. Nisto está o segredo de um dia sereno, de uma vida que vale a pena.


IMAGEM: Amarelinha, por Yoshito