A CONVERSA HOJE VAI SER DISPERSA

“E porque então eu era louco que hoje sou sábio. Oh, filósofo, que nada vês senão o instantâneo, como é curta a tua vista! Teu olhar não foi feito para seguir o labor subterrâneo das paixões”. Isto é de Goethe, e eu gosto dele.

...Que me seja permitido, mas a conversa hoje vai ser dispersa

Você, como entende a vida, como luta e conquista ou como renúncia e fuga?

Se você tivesse um coração desassossegado, o que diria pra ele? Diria feito o Pessoa... Sossega, coração inútil, sussega! / Sussega, porque nada há que esperar.

Com sinceridade, você seria capaz de assim proceder? “Se a mais vil das criaturas me esbofeteasse, eu não lhe retribuiria a ofensa, mas lhe pediria perdão por havê-la provocado”. Não, não foi Jesus Cristo que assim falou, foi a escritora Emily Brontê, autora do célebre romance O Morro dos Ventos Uivantes.

Você acredita nisso? “ O homem é apenas mortal: existe um ponto além do qual não passa a coragem humana.” Dickens acreditava.

Esta aqui é para nós escrevinhadores, e foi Flaubert quem sentenciou: “ O autor, em sua obra, deve ser como Deus no universo: onipresente e invisível”.

Já James Joyce acreditava que o artista, como o Deus da criação, permanece dentro, junto, atrás ou acima de sua obra, invisível, clarificado, fora da existência

E o Machado, o que tem a dizer? Com uma pitadinha de pessimismo diz ele: “ Tudo acaba, leitor; é um velho truísmo, o que se pode acrescentar que nem tudo o que dura dura muito tempo”.

Para os que começam a sentir o peso da idade é bom lembrar de Colette, que disse: “ Não chore, não junte os dedos em súplica, não se revolte: é preciso envelhecer.”

Lembrando Hemingway, se um dia me perguntares por quem os sinos dobram e eu não mais responder é bem provável que eles dobrem por mim

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 06/02/2009
Reeditado em 06/02/2009
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