Procura-se um espaço ( nem precisa ser grande )
É manhã, bem cedo ainda e o calor já está nas alturas. Segunda feira para a maioria das pessoas é o pior dia da semana e o humor não é lá dos melhores. O jeito é levantar, abrir cortinas e janelas, deixar o sol entrar e desejar bom dia à vida, pois o mundo não vai melhorar com o meu mau humor. Já me livrei de um inimigo da boa saúde do coração; o carro. Carro polui, é lerdo, - mesmo que o velocímetro indique que ele pode fazer 180 km/hora o caos só permite, quando muito uns 40 km/hora em média-, é caro pra manter, tem espaço para sogra e não tem espaço nos estacionamentos para ele, o carro. Não sei por que custei tanto para entender o quanto um carro é prejudicial à saúde física, mental e financeira. Deu tempo de eu pensar tudo isso enquanto espero pelo ônibus, num calor de quase 30 graus. Mas, a bem da verdade, já deixei que passassem dois. Estavam cheios demais. Chego atrasado no trabalho, levo uma sacaneada do chefe e várias sacaneadas dos colegas por causa da sacaneada do chefe, mas não to nem aí; não viajo em pé e ponto. Questão de honra e respeito à idade avançada do meu calo. Enfim um ônibus com uma quantidade aceitável de passageiros, deu até pra eu escolher um lugar na janela, que trato logo de abrir. Do meu privilegiado assento vejo o que um carro, digo, centenas de carros fazem com o humor e a educação das pessoas.: xingamentos, palavrões dedos para foras das janelas indicando alguma coisa - que nunca consigo ver - no céu; guardanapos, copos de papel, coco, tudo isso sendo jogado nas vias; fechadas violentas, rangidos de pneus e mais xingamentos. São as pessoas jogando fora o lixo acumulado; lixo mental, lixo moral, lixo material. Mas também tem os que recebem todo esse lixo com um sorriso, com um olhar indulgente e com inteligência não retribuem e com isso, não aumentam o calor, o caos e os lixos que, infelizmente estamos, cada vez mais, produzindo. As pessoas aglomeradas, penduradas umas nas outras, no trânsito encaixotado, nas residências amontoadas para que haja mais espaço para amontoar mais residências devassadas. E o engraçado ou triste é que cada vez menos sabemos quem está ou mora ao lado, cada vez menos conhecemos quem da sua casa pode ver a nossa televisão. E cada vez mais a intolerância exige privacidade e direitos e, pasmem - espaço - mas sem querer tolerar ou respeitar os direitos alheios,já nem tão alheio assim. Hoje tudo é coletivo, na marra, até a solidão. E a educação e a gentileza e o espírito coletivo estão indo para o espaço.
Essa miscelânea foi por absoluta falta de espaço para colocar cada assunto no seu canto. Mas até que eles se entenderam direitinho..rss