A BELEZA DA ATRIZ ENVELHECIDA

Hoje, ao acordar, lembrei-me do filme que ontem assisti.

Era protagonizado por uma das mais belas atrizes do cinema

Americano, da década de noventa.

Estava agora, envelhecidamente mais bela.

Apesar de toda maquiagem, dava para se notar

Suas belas rugas de expressão.

Agora bem mais atriz, pois no início era apenas bela.

Ah, o tempo que melhora a artista marcando-lhe o corpo!

Tal como o vinho, que com o tempo, o melhora todo.

Acho que a atriz não recorreu ao artifício das plásticas,

Pois era flagrante a flacidez das faces.

Por isso, talvez, a nobreza de sua beleza autêntica,

Perfeita, sem medo de encarar o papel de mãe de filhos

Quase adultos e de assumir sua idade.

A maioria delas procura dissimular, tentando sempre

Ser as eternas "mocinhas".

Tentei na memória vê-la nos seus primeiros filmes.

No frescor de sua juventude que as telas emoldurava.

Eu também era menos velho, menos cansado,

Mais ativo, mais vibrante, me permitindo até ilusões.

Porém a roda do tempo que só gira para frente,

Vai desmontando tudo ao seu redor...inclemente.

Nos desmotivando das coisas práticas, materiais,

Nos sensibilizando, quase como compensação,

Para as coisas da alma, que nos torna mais leves,

Mais puros, para perceber a beleza da atriz,

Que envelhece, com dignidade...

L U C I A N O

fevereiro/2009