Com licença, Glória Kalil

Falávamos de moda um dia destes. Não de estilo, porque estilo é uma coisa diferente. Estilo é utilizar-se das tendências da moda e adaptá-las ao seu jeito próprio. Falávamos de moda mesmo. Dos hits do momento, o certo e o errado, a epidemia de vestir. Cores daqui, estampas dali, concluímos que não existe mais moda. Ou melhor, ao nos depararmos com as vitrinas todas por aí, descobrimos uma mistura indiscriminada de tudo o que um dia foi moda.

Voltemos lá atrás. A sociedade e as décadas foram marcadas por modismos. Mulheres e homens do passado ditavam padrões de elegância e o resto do planeta corria tentando enquadrar-se no grupo dos que “andavam na moda”. Minha irmã tem fotos maravilhosas (no final da década de 60) vestindo micro saia com botas até o joelho e cabelos lisérrimos até a cintura. Na época ninguém sequer pensava que pudesse existir uma tal de chapinha ou escova definitiva. Dava-se um jeito de estar na moda e pronto, praticamente todos iguais.

Depois disso, a mini saia caiu, ou melhor, deu lugar as saionas longas estilo indiano que marcavam a inconformidade com o mundo de conflitos e ambições. Eram os hippies dos anos 70 trazendo o Oriente para o Brasil. Já nos anos 80, o povo é que caiu nos embalos de sábado à noite, onde a moda ganhou o glamour de luzes e brilhos. Sonia Braga ficou imortalizada pelas meias de “lurex” dentro das sandálias altíssimas. No auge da liberação social as Frenéticas entoavam o hino “Soltem suas feras”!

A partir dos anos 90 a memória se confunde, uma vez que a moda passou a girar com a mesma rapidez das mudanças econômicas, tecnológicas e sociais. Usou-se de tudo um pouco: jeans, floral, xadrez, listras, bichos, prata, ouro... Só que, cada coisa no seu tempo. Assim: se você usasse o xadrez enquanto a moda ditava o floral você seria taxada de cafona. Prata e ouro durante o dia, só se você tivesse um tipo de “profissão” daquelas não muito convencionais, deu pra entender? Estampa de bicho? Era preciso cuidado, muito cuidado...

De volta a 2008/2009, atente-se para o que está acontecendo. Pode-se vestir uma bermuda xadrez pela manhã, um vestido floral à tarde e uma blusa tigrada à noite. Passear com uma mini saia sem causar espanto ou com um vestido longo sem ser ridícula. Sandálias prateadas durante o dia, e douradas à noite, por que não? Couro ou verniz; preto, branco ou colorido. Marca-se o estilo “vale tudo”. Confirma-se a tendência da globalização onde a rapidez com que o mundo acontece não permite o luxo ou lixo de padronizar vestimentas, estilos, comportamentos.

Foi belo enquanto durou, mas falar de moda hoje em dia é falar da diversidade mundial, dos choques culturais, religiosos, sociais. É viver o presente com os pés no futuro. Então, quando uma consultora de moda não consegue se fazer entender é simplesmente porque a moda já não possui uma única definição. O que permanece é o estilo, e esse sim precisa ser entendido.

A moda que cabe em mim hoje é a moda que a minha cabeça dita e pela qual o meu coração suspira, ou seja, ser VIP, fashion, antenado (como queiram apelidar) não é ser outdoor de etiqueta ou discípulo de costureiro, mas sim desfilar a própria personalidade com charme de Gisele Bündchen.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 04/02/2009
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