QUANDO A AGRESSÃO...
 
 
         Quando uma agressão nos atinge inesperadamente, creio que, inevitavelmente, ocorre uma reação fora do normal. Dependendo também do teor e da gravidade da agressão, a reação poderá ser um impacto de aborrecimento momentânea, ou dura algum tempo indeterminada, ou dura para sempre, no pior dos casos.
         Depende também da personalidade e formação junto com sensibilidade daquele que se sente agredido. Gente “cuca fresca” que administra sua cabeça no sentido de estar sempre forte diante dos acontecimentos, tais que mesmo que ocorram transformações inusitadas, mas que não o atinjam diretamente, tira de letra e nem liga. Esses são mais bem fincados ao chão, e reagirão mais em defesa do seu trabalho, em defesa de sua moradia, ou sua saúde e de seus familiares.
         Mas há os que perderam quase tudo na vida, ou muitas coisas importantes, de modo que fazem sua cabeça em aceitar pequenas coisas para bastarem para serem felizes e viverem em paz.
         Tais pequenas coisas, para este tipo de pessoa e que são sensíveis ao delicado e à poesia das coisas da vida, a reação é diferente. É inversamente proporcional à arte de que é feita, à sensibilidade e delicadeza de que é constituída. Assim como ela é poesia e simplicidade, fruto do sofrimento e da sabedoria construídos e que fazem a sua sobrevivência, a sua reação é enorme ou imprevisível, pois tais características citadas valem mais que a moradia, que o seu carro que os seus bens materiais, e todas as pessoas queridas já perdidas. A sua reação pode ser intempestiva enquanto lúcida e muito forte. Ou a sua reação pode também ser a perda da lucidez e de si mesma, quando a agressão é maior do que pode suportar.
         Escrevi “DO MACRO e do MICRO que” em suma foi a retirada da vegetação que cobria um paredão à frente de minha varanda dos fundos. Dita vegetação era o abrigo de muitos bichinhos, principalmente pássaros que transitavam do paredão à minha varanda, encantando o ambiente, e os olhos da alma da moradora. Pois é, acabou por determinação da síndica. E eu assisti à eliminação da vegetação que era habitada pelos selinhos, e outros passarinhos e bichinhos. E me zanguei e discursei do que o podador estava fazendo, que era a mesma coisa que ocorre lá na Amazônia. Horrível.E o paredão ficou sem graça e sem vida. E a varanda perdeu os seus frequentadores.