Eu pensava que era dona do mundo
Durante muito tempo eu pensei que fosse dona do mundo e que poderia mudá-lo conforme eu quisesse. Não sozinha, é claro, nós éramos muitos os donos do mundo e tínhamos certeza de que tudo seria diferente quando ocupássemos os lugares que eram nossos, por direito. Batalhamos para isso. Frequentamos os centros difusores de nossos direitos, compusemos canções com letras floridas, obrigamos as luzes dos holofotes a nos iluminar mostrando ao mundo a nossa cara, paralisamos as engrenagens falidas, pintamos os muros com palavras de ordem. Mas quando as multidões ocorreram às praças em números cheios de zeros para reconhecer nosso poder fomos empurrados para as últimas fileiras pelos mais espertos e nos deram cadeiras para que ficássemos assentados sem nenhum movimento forçando nossos corpos a se tornarem roliços e inertes, quebraram nossas asas sem anestesia, bocas emudecidas de canções, olhos preguiçosos fixos na novela das seis,das sete e das oito e só deixaram que subissem aos palanques da vida aqueles que foram capazes de mimetismos e de tanto se mimetizarem acabaram se tornando apenas o que fingiram ser e o fingimento tornou-se a única verdade. E agora eles estão chegando, os novos donos do mundo, tão bonitos. Sua pele é tão macia e sua voz ecoa tão longe que a gente chega a acreditar que eles poderão fazer o que não conseguimos e então pensamos em dar-lhes os conselhos que recusamos mas eles fazem o mesmo que nós fizemos pois nos consideram velhos e ultrapassados e tal como nós um dia fizemos, fazem pouco da experiência e da sabedoria dos velhos sábios cansados. E por falta de atenção as verdades e as mentiras nós que aprendemos tudo, mas não pudemos exercer o aprendizado continuamos assentados enquanto as lágrimas escorrem de nossos olhos e vão cair em nossas mãos secas apenas esperando que o mundo gire mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez...(31/01/09)
Durante muito tempo eu pensei que fosse dona do mundo e que poderia mudá-lo conforme eu quisesse. Não sozinha, é claro, nós éramos muitos os donos do mundo e tínhamos certeza de que tudo seria diferente quando ocupássemos os lugares que eram nossos, por direito. Batalhamos para isso. Frequentamos os centros difusores de nossos direitos, compusemos canções com letras floridas, obrigamos as luzes dos holofotes a nos iluminar mostrando ao mundo a nossa cara, paralisamos as engrenagens falidas, pintamos os muros com palavras de ordem. Mas quando as multidões ocorreram às praças em números cheios de zeros para reconhecer nosso poder fomos empurrados para as últimas fileiras pelos mais espertos e nos deram cadeiras para que ficássemos assentados sem nenhum movimento forçando nossos corpos a se tornarem roliços e inertes, quebraram nossas asas sem anestesia, bocas emudecidas de canções, olhos preguiçosos fixos na novela das seis,das sete e das oito e só deixaram que subissem aos palanques da vida aqueles que foram capazes de mimetismos e de tanto se mimetizarem acabaram se tornando apenas o que fingiram ser e o fingimento tornou-se a única verdade. E agora eles estão chegando, os novos donos do mundo, tão bonitos. Sua pele é tão macia e sua voz ecoa tão longe que a gente chega a acreditar que eles poderão fazer o que não conseguimos e então pensamos em dar-lhes os conselhos que recusamos mas eles fazem o mesmo que nós fizemos pois nos consideram velhos e ultrapassados e tal como nós um dia fizemos, fazem pouco da experiência e da sabedoria dos velhos sábios cansados. E por falta de atenção as verdades e as mentiras nós que aprendemos tudo, mas não pudemos exercer o aprendizado continuamos assentados enquanto as lágrimas escorrem de nossos olhos e vão cair em nossas mãos secas apenas esperando que o mundo gire mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez...(31/01/09)