O Carisma

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Quando a névoa escura pairou sobre a minha cabeça, orei; pedi aos céus um lenitivo atenuante para os meus momentos difíceis.

Lá do alto alguém deve ter ouvido aos meus apelos.

Da minha tela surgiu alguém virtualmente. Pelo conteúdo da conversação, concluí tratar-se de alguém muito especial. Ela prometeu ouvir as minhas ânsias.

Com uma velocidade incalculável rumei para o sul, ao encontro daquela alma iluminada.

Ao chegar à estonteante selva de pedras, em meio a uma multidão bizarra, eis que aquele semblante espargindo luz se destaca entre os transeuntes.

Dirigi-me, meio sem jeito ao seu encontro. Ela sorriu. Abraçou-me fraternalmente; um abraço tão energético, capaz de lenificar todas as minhas dores. Parecia que eu já a conhecia de uma longa era. E estávamos ali. Juntos. Como se aquele encontro fora fruto de um presente do mais além, quem sabe.

Com ela saciei a minha fome e a minha sede de viver. Interiormente, transformei-me milagrosamente.

Não sei calcular a medida do tempo que pude desfrutar daquela luz divina.

Planejei falar-lhe desarvorado, mas não consegui dizer tanta coisa. O que consegui dizer, talvez, meio confuso, foi balbuciar somente palavras desconexas. Mesmo assim consegui algo apenas mentalmente, como por exemplo:

— Você é incrível! De seu olhar, de seu sorriso saem tanta luz! É difícil uma explicação plausível.

Como em toda viagem se faz necessário um retorno, houve sim uma tristeza pela despedida. Não aquela tristeza doentia própria dos simples mortais.

Senti-me feliz. Feliz porque eu estava com as minhas forças refeitas por aquela fonte de luz, até então indizível.

Hoje, taciturno, vivo absorvendo aqueles momentos de néctar de felicidade.

Nas reminiscências encontro a paz, e, concluo que aquele ser fantástico, tratava-se de um anjo, que por momentos sublimes iluminou a minha existência.
Machado de Carlos
Enviado por Machado de Carlos em 02/02/2009
Código do texto: T1418648
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