Saved By The Bell... (A Lagoa Encantada 2)
Era um dia como os outros: repleto de alegria, de sol e de calor.
Em bando, após a aula da manhã, saímos, alegres e felizes rumo à lagoa maravilhosa.
Pouco tempo depois já estávamos nos deliciando com a suavidade e o prazer da sua água e da sua beleza.
Passado das 4 da tarde ouvimos um barulho estranho, parecendo um tropel de cavalos. Afoitos, saímos da água, pegamos nossas roupas e nos arrumamos.
Mal nos viramos para onde estava vindo o barulho, avistamos três homens a cavalo, correndo em nossa direção.
Nem é preciso dizer que saiu moleque para tudo quanto é lado e, nesta estratégia conseguimos nos safar dos perseguidores.
Corri tanto que cheguei à mata e então foi que me deparei sozinho.
Meus companheiros estavam em qualquer lugar, ou escondidos ainda ou já estavam na minha frente.
De repente o caminho foi ficando esquisito, parecendo desconhecido, e eu avançava uns passos e retrocedia depois, totalmente perdido, numa mata diferente e nunca vista. Será, meu Deus, que havia ‘relado’, sem querer, no cipó do esquecimento, planta que, acreditávamos, fazia a gente se perder no meio do mato?
E agora, sozinho, nesta mata desconhecida, como vou fazer para voltar pra casa e a noite logo vai chegar.
Resolvi ficar andando, pra lá e pra cá até que esbarrei meu pés num garrancho de um outro cipó, e rolando por uma perambeira me dei conta que havia caído num buraco escuro e tenebroso.
Olhei ao redor e, com o coração aos saltos, vi restos de ossos e pedaços de madeira apodrecida. Olhei para cima e divisei um velho cruzeiro, numa madeira velha e carcomida. Saí dali num átimo e descobri que estava perdido, seguramente dentro do cemitério velho, que já ouvira meu pai várias vezes mencionar este lugar, que ficava nos limites da fazenda que ele até há alguns anos possuía.
É era mesmo o cemitério, cujas pessoas ali foram sepultadas, bem distante do lugarejo, porque morreram de uma doença altamente contagiosa, praticamente no começo do século 20.
Saí dali e voltei para onde estava, antes de haver caído. Nem mal estava tentando procurar um caminho que me levasse de volta para casa, eis que ouço um som conhecido: os sinos da igreja estavam badalando e eram, aqueles toques de enterro. Marquei o rumo de onde vinha o som e consegui encontrar o caminho de volta.
Como nas lendas e histórias que percorrem o mundo, comigo também havia ocorrido a mesma coisa: salvo por um sino, saved by the bell...
(in "Sant'Anna dos Olhos D'Água" - Crônicas)
Vinhedo, 3 de junho de 2008.
Era um dia como os outros: repleto de alegria, de sol e de calor.
Em bando, após a aula da manhã, saímos, alegres e felizes rumo à lagoa maravilhosa.
Pouco tempo depois já estávamos nos deliciando com a suavidade e o prazer da sua água e da sua beleza.
Passado das 4 da tarde ouvimos um barulho estranho, parecendo um tropel de cavalos. Afoitos, saímos da água, pegamos nossas roupas e nos arrumamos.
Mal nos viramos para onde estava vindo o barulho, avistamos três homens a cavalo, correndo em nossa direção.
Nem é preciso dizer que saiu moleque para tudo quanto é lado e, nesta estratégia conseguimos nos safar dos perseguidores.
Corri tanto que cheguei à mata e então foi que me deparei sozinho.
Meus companheiros estavam em qualquer lugar, ou escondidos ainda ou já estavam na minha frente.
De repente o caminho foi ficando esquisito, parecendo desconhecido, e eu avançava uns passos e retrocedia depois, totalmente perdido, numa mata diferente e nunca vista. Será, meu Deus, que havia ‘relado’, sem querer, no cipó do esquecimento, planta que, acreditávamos, fazia a gente se perder no meio do mato?
E agora, sozinho, nesta mata desconhecida, como vou fazer para voltar pra casa e a noite logo vai chegar.
Resolvi ficar andando, pra lá e pra cá até que esbarrei meu pés num garrancho de um outro cipó, e rolando por uma perambeira me dei conta que havia caído num buraco escuro e tenebroso.
Olhei ao redor e, com o coração aos saltos, vi restos de ossos e pedaços de madeira apodrecida. Olhei para cima e divisei um velho cruzeiro, numa madeira velha e carcomida. Saí dali num átimo e descobri que estava perdido, seguramente dentro do cemitério velho, que já ouvira meu pai várias vezes mencionar este lugar, que ficava nos limites da fazenda que ele até há alguns anos possuía.
É era mesmo o cemitério, cujas pessoas ali foram sepultadas, bem distante do lugarejo, porque morreram de uma doença altamente contagiosa, praticamente no começo do século 20.
Saí dali e voltei para onde estava, antes de haver caído. Nem mal estava tentando procurar um caminho que me levasse de volta para casa, eis que ouço um som conhecido: os sinos da igreja estavam badalando e eram, aqueles toques de enterro. Marquei o rumo de onde vinha o som e consegui encontrar o caminho de volta.
Como nas lendas e histórias que percorrem o mundo, comigo também havia ocorrido a mesma coisa: salvo por um sino, saved by the bell...
(in "Sant'Anna dos Olhos D'Água" - Crônicas)
Vinhedo, 3 de junho de 2008.