A ENTREVISTA

A ENTREVISTA

Marília L. Paixão

Nem sei se este sábado está precisando de mim ou se sou eu quem está precisando dele, mas como já está acabando e é o último sábado das minhas férias vamos lá escrever qualquer coisa. Sabe quando qualquer coisa não pode ser sobre o tempo? Sabe quando não pode ser sobre o relógio na parede quase anunciando o domingo? Já sei! Vou falar sobre o que eu ia falar para uma amiga e não falei.

Ela estava falando sobre entrevistas. Lembrei de uma conversa que ouvi de pertinho por estar sentada pertinho. Já que nesta semana recebi um e-mail dizendo que tenho certo charme em contar histórias, aqui vai mais uma. Se não ficar charmosa azar de quem fez o elogio. Mas que a história é interessante, ah, isto é!

A conversa era entre duas amigas e uma estava dizendo que já tinha feito das tripas coração para ajudar o ex marido a se sair bem numa entrevista para conseguir a cidadania americana. Inclusive tinha escrito carta dizendo que o sujeito tinha sido ótimo pai e etc. Mas como o cara não se dava bem e não conseguia a cidadania americana mesmo já tendo mais de trinta anos de América, ele vivia reclamando e dizendo que a culpa era dela.

Ele já tinha tentado umas entrevistas e já até ensaiava antes de ir passando por todo tipo de orientações dadas pelo advogado e outros experientes no assunto. E depois que tinha conseguido que ela escrevesse a tal carta falando bem dele, ele até que tinha ficado mais esperançoso. Sabia que tinha que manter a calma e a sobriedade durante a entrevista.

E ela dizia: Eu nem tinha mais como inventar elogios para ele e até escrever essa carta falando de qualidades que ele nem tinha foi um sacrifício, mas para ajudá-lo eu escrevi.

- Mas e ai?! A carta não adiantou nada?!

- Menina, ele estava todo confiante com a carta. Gastou até dinheiro num terno novo e foi para a entrevista. Chegando lá a primeira pergunta que o fizeram o deixou tão nervoso que ele achou que tudo estava perdido.

Claro que nem sei o que ele respondeu, mas sei que depois que saiu de lá me ligou, me chamou de maldita e disse que por minha causa ele provavelmente nunca conseguiria a cidadania americana.

- Nossa! O que foi que perguntaram para ele?

- Perguntaram: “Por que você tentou matar sua ex esposa?”

- CREDO! Coitado! Também isso lá é jeito de começar uma entrevista?!

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 31/01/2009
Reeditado em 01/02/2009
Código do texto: T1415605
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.