Bobeleza

Sentado na sua cadeira fica o homem.

Ou a mulher se o bom amigo leitor a quiser.

No entanto no caso é preferível um homem, porque termos uma mulher aqui acarretaria uma serie de questões as quais agora, nada importa.

E bem, lá ele esta, admirando mais uma daquelas programações dignas de alienação costumeira, quando de repente, ou mesmo inesperadamente, salta para a tela mulheres lascivas e semi-nuas, com o intuito de mostrar a cultura deste país. Ao menos é isto que nos querem apresentar. Com isto, tolamente o nosso bom amigo fica aqueles sessenta segundos no ver das mulheres rebolarem, mexerem e satisfazerem o desejo fugaz e jamais perene do bom amigo, com o máximo da volúpia.

Dir-se-ia isso somente em épocas onde a cultura brasileira se exacerba ao seu limiar, como em épocas de carnaval ou de copas do mundo – Deus que nos perdoe! – em vez disso enxergamos esta cena quase to santo dia pelo outro lado da telinha; repleta de plim-plims e de todo o tipo de variedades fica o nosso bom amigo, não o digamos preso às telas infernais, e sim absorto em um dos sub-produtos do consumismo. Há de se pensar que estes tipos de cenas – não a das mulheres rebolando – e sim a do bom amigo retido e entretido no hipnotizar contemporâneo se vêem todo o santo dia. E bem, sim se vê; não se pode se dizer enfim se é culpa da falta de vontade verdadeira de nossos tele-consumidores, ou da nossa referida e amada mídia. Isso realmente é um assunto à parte, e nos referirmos sobre isto nos levaria a um tamanho exageradamente grande de outros temas, e como foi dito no inicio, estamos falando da alienação, não unicamente da cultura, mas dos brasileiros.

Pois nestes dias nossos contemporâneos – Oxalá não sejam muitos! – assistimos não apenas a televisão, ou o radio, ou a internet, mas sim uma perda muito maior do que a desvalorização da nossa culura, ou sua banalização, o que vemos é a cena do bom amigo brasileiro. Perdido e imerso pelos carnais e impossíveis sonhos de uma vida jamais alcançada. Almejos e devaneio impróprios para uma sociedade a qual aspira uma melhora. O que assistimos enfim, são vidas jogadas em tênue escuridão, dispersas e perdidas pela profusão e confusão de novos e fantásticos sonhos. Ficam vidas tomadas pelo turbilhão candente e incessante do lograr aos desejos carnais e incessantes, tudo isto em meio a sala, com o controle, a esposa, os filhos, os pais.

Pais. País em verdade tragado pelo vácuo vazio da luxuria irresistível e inexistente.

O que podemos assistir num futuro próximo se isso se continuar?

Corpos pútridos, em lanhos, sentados em suas cadeiras, no ver de mulheres dançando com gringos – Ah, porque estes sim vivem estes desejos atribuídos a Sodoma! – em meio a carros voadores e dois sóis.

Ora esta, por que não dois sóis?

Então há de se gritar:

-Saiamos e vivamos!

E por favor mudemos o disco, mudemos os pensamentos.

Mudemo-nos.

E a mim também.