Sinal Fechado

- Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço...
– Por favor, não esqueça...
– Adeus!

Houve um tempo, por mais que seja difícil de acreditar, em que era possível olhar para o lado no sinal fechado, baixar o vidro e conversar com um amigo...

Nesse tempo, o samba era feito por pessoas elegantes : Cartola, Heitor dos Prazeres, Ciro Monteiro, Nelson Cavaquinho e outros tantos a quem até Vinícius pediu a benção...

Sinal fechado não é um samba mas é o que o Paulinho da Viola, que no carnaval da vida tem a elegância e a dignidade de um mestre sala, quizer que seja.



Nilsson
Enviado por Nilsson em 31/01/2009
Reeditado em 05/02/2009
Código do texto: T1414768
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