DE RELIGIÃO E POLÍTICA PARTIDÁRIA

Se alguém me indaga qual a religião que professo, de pronto respondo: católica, para depois cair em mim e perguntar: sou..., desde quando? Mas houve um tempo em que eu não tinha dúvidas. A minha realidade era voltada para as coisas do espírito, acreditava piamente no que o senhor vigário pregava e procurava seguir as suas instruções, tentando assim viver em harmonia com Deus e longe das tentações do Diabo. Acreditava também, que a vontade de Deus prevalecia sobre todas as coisas. Ele era o senhor da vida e da morte; da saúde e da doença;da alegria e da trristeza; da riqueza e da pobreza; da chuva e da seca; do terremoto, da tempestade; da colheita farta etc. Não aceitava a debilidade da condição humana, o pecado, nem tampouco as intempéries do tempo como responsáveis pelos fenômenos catastróficos da natureza. Desta maneira, o mundo, no meu entender, funcionava apenas em função dos desígnios de Deus, que atuava em campo antagônico com o Diabo.

O tempo foi passando, a mente foi se abrindo, enveredei pelo campo da filosofia, comecei a questionar sobre tudo e a descrer da palavra do senhor vigário e a cometer os meus “pecados”. Custou-me caro a nova realidade. Por conta do medo do “fogo do inferno”, passei sete anos de minha preciosa vida fazendo análise.

Agora, em se tratando de política partidária, se eu for indagada a qual agremiação pertenço, também respondo de pronto: PMDB. Para depois procurar convicção em tal afirmação. Mas já houve um tempo em que de forma passional, intransigente, defendia o seu programa e os “bons propósitos” de seus dirigentes.

O tempo passou, o partido foi perdendo a sua identidade, a sua bandeira, suas idéias e doutrina. Hoje, o que se percebe dentro dele simplesmente, é uma briga indigesta de seus próprios membros pela sombra do poder.

Como cidadã, também me custou caro a descoberta, passei a desconfiar da classe política e a não mais crer nas agremiações partidárias, nem nos seus propósitos com relação ao poder, o que me levou a sempre lembrar o colunista Eduardo Giannetti, que indagou certa vez: “Que mistério tem o poder? Quem o tem não quer largar; que não o tem quer chegar lá; quem o perdeu quer voltar.”

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 31/01/2009
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