Um pedaço de papel
Olho pela janela do meu quarto todos os dias e o que vejo são as sombras que cada vilarejo guarda.
Sombras de fatos, um corredor vazio e folhas de outono jogadas ao vento frio.
Minha insatisfação com a vida é aparente, minhas olheiras me entregam, com lábios roxos e rosto pálido, não precisa dizer mais nada. Nada posso fazer se não consigo satisfazer.
Minha vida é incoerente ao coração que levo, grande e mole, mas, mesmo assim cheio de amargura e solidão. O que ele pede é uma chance pra esse mundão. Mundo arrastado que não tem solução.
As lembranças que tenho desse mundo me amarguram, afogam minha decisão como se lidasse com um rojão.
Lágrimas pingando do céu fazem evaporar a esperança do mundo. E eu nada posso dizer, pois estou errada até na forma de viver. Nem para exportar meu ponto de vista eu sou capaz.
Sinto-me só em tudo e incapaz, mas a grafite de um lápis e um pedaço de papel é o que me satisfaz. Neles descrevo minha alma, mesmo que seja impura, é uma alma, na qual traz lembranças, não dessa vida, e sim de outras que talvez eu poça ter sido feliz. Isso que me acalma, me faz fechar os olhos para as coisas ruins. E pensar que um dia eu possa ter coisas boas à tona, a uma nova esperança e uma boa liderança.