Imaggem: Triunfo de Vênus - Angêlo Bronzino
Música: La Donna Imobile - Rigoletto Verdi

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A Nudez Permitida
 
Podemos ter uma idéia ou formar um conceito de uma pessoa através da roupa que costumeiramente usa. Um militar é facilmente reconhecido através da farda, um executivo através do terno, um indivíduo rico através das roupas cara, um pobre quando está mal vestido, um clássico, um excêntrico e assim por diante. Se encontrarmos um indivíduo nu na rua, logo-logo ele será tachado de louco e recolhido a um manicômio. A roupa atende as necessidades físicas, ocupacionais, pessoais e sociais. Assim como todas as necessidades humanas, as vestimentas sofreram influencias da época e evoluíram.
 
O indivíduo passa a maior parte do tempo vestido e uns pequenos instantes nu. As roupas atendem as necessidades públicas do homem, a nudez, as suas necessidades privadas. As vestes quando excedem as necessidades publicas do homem passam a fazer parte da vaidade humana. O grande escritor Dinamarquês Hans Christian Andersen, no século XVIII escreveu o famoso conto A ROUPA NOVA DO REI, uma estória engraçada de um rei que extrapolava a sua vaidade usando roupas caras, extravagantes e que se deu mal com dois espertalhões. 
 
Não existe nada de errado em se vestir bem, o errado é quando a vestimenta afronta a dignidade da pessoa que a veste e a dos outros. O errado é quando a roupa se torna mais importante que o corpo, quando ela tentar esconder uma verdade e exibir uma falsa realidade. Fiquei estarrecido quando andei pelo metrô de Paris ao ver milhares de estrangeiros, que vivem naquele País há muitos anos, vestindo roupas típicas dos Países de origem. Amar o País de origem é uma coisa, o amor verdadeiro tem como habitat o coração sensível, não o modo diferente de vestir.
 
Existe uma hora que necessitamos nos desvencilhar das roupas, deixamos para trás a vida publica e adentramos a nossa verdadeira vida privada, aliás, toda pessoa tem vida publica e privada. Temos dois momentos importantes para curtir a nudez necessária. O primeiro é no espaço mais reflexivo da casa, o esconderijo obrigatório para todos: o banheiro. O banho, além da higiene necessária é um ato de caricias, de relação que temos para com o nosso corpo. Segundo, vem o ato de fazer amor. Para fazer amor a pessoa tem que se despir, ninguém faz amor vestindo-se a rigor. E o despir para o amor é um ato solene, uma entrega total, no qual um oferece ao outro aquilo que ele tem de mais sagrado: o seu corpo.
 
Com o nosso corpo exercemos funções publicas e intimas. Mas, não somos apenas o corpo físico, esse sim, necessita de roupa e de nudez dependendo da hora e da necessidade. Todo ser humano possui uma imagem interior chamada caráter, apesar de interior ela pode ser observada por todos. O caráter é a soma de tudo daquilo que temos de bom e de ruim, de qualidades e defeitos. O caráter não usa roupa, embora, goste de máscaras e a pior coisa para o caráter é uma máscara, pois, ela nunca combina com a cara de quem a veste. A nudez de caráter faz a pessoa autentica.
 
Finalmente, temos outra nudez necessária, a nudez dos sentimentos positivos. A nudez dos sentimentos positivos não contrasta com a ocultação dos sentimentos negativos. Não existe vácuo de sentimentos, a nossa mente possui espaço para os dois; o que existe é a predominância de um ou de outro dependendo da maneira de como encaramos a vida. Os sentimentos são contagiantes, por isso, devemos mostrar ao mundo, sem roupas e sem máscaras, a bondade, a vontade, o perdão, os nossos sonhos e o nosso amor para contagiar a todos.


Roberto Pelegrino
Enviado por Roberto Pelegrino em 30/01/2009
Reeditado em 30/01/2009
Código do texto: T1413129