NÃO É A MINHA PRAIA (Só leia se for gaúcho...)
Janeiro e fevereiro são tradicionais meses de férias para muita gente. É o período propício para tomar o rumo do litoral ou dos balneários e tirar um tempo fora da rotina. Uma amiga que estava aprontando as malas para passar uma temporada em Santa Catarina me perguntou para qual praia eu iria neste verão. De início, até pensei que ela estivesse brincando comigo, mas depois vi que era sério.
- Querida, eu sou um sem-terra. Não vou para praia nenhuma. No máximo, vou pôr meus pés numa bacia...
Ela, que ia para os lados de Itapema quis me convencer de que se não era possível (financeiramente) para mim ir para Santa Catarina como ela, que eu aproveitasse as praias aqui do Rio Grande mesmo. Ela não aceitava, juro: simplesmente não aceitava que eu não tivesse dinheiro nem para ir dar uns bicos no Rio Rosário em Ernesto Alves. Achava que eu fosse um pão-duro e não quisesse gastar (quem dera). Ficou falando das maravilhas de descansar na orla marítima, saborear água de coco e se deparar com aquele mundão de água. Ainda me atiçava para admirar as mulheres bonitas de biquini. Tirar umas fotos novas, botar no Orkut. Quem sabe até eu não arranjasse um casamento por lá.
Em seguida, me sugeriu tirar um empréstimo se fosse o caso, mas eu tinha que ir "tirar uns dias" na praia. Inventei de dizer um "é, quem sabe". Mas pra que foi? Minha amiga começou a sugerir algumas praias que ela conhece e que achava que eu deveria ir para me animar um pouco:
- Que tu acha de ir para Capão da Canoa?
- Para Capão dá. Mas do Cipó.
- Cidreira?
- O chazinho eu aceito.
- Cassino?
- Quando muito, carpeta.
- Mostardas?
- Não, maionese. E caseira.
- Osório?
- Grande fotógrafo.
- Magistério?
- De que jeito? Tô no Primário.
- Atlântida?
- Para mim é que nem aquele continente perdido. Não existe!
- Xangri-lá?
- Da última vez, sangrei-lá...
- Torres?
- Só se for o cerro do Obelisco.
- Imbé?
- Béééé...
- Chuí?
- Xiiii....