Um real pra passar o mês?!
Eu estava com duzentos e um reais na carteira. Começo de mês, contas pagas até ali; economizando, não passaria necessidades. Minha amiga pediu cenzão.
_ Como assim, cenzão?
Pegou, passou a uma sua credora. Pediu os outros cem. Eu, sem outra reação, passei os outros cem. Entendi logo: um real restante era para eu não dizer que ela me deixara sem um tostão.
Voei no pescoço dela. Derrubei-a na cama, porque havia uma por perto, e agarrei-lhe o pescoço. Tinha ganas de sufocá-la, e ela, ali, rindo, os olhos muito espertos, vivos, grandes, de Ohana. O povo amontoando em volta, e nós duas ali, atracadas. Coisa de segundos, meia hora, sei lá. Lugar esquisito, suspeito, roupas de festa, fantasias... que situação! Eu ficava mais e mais ofegante, até que acordei.
Meu Deus! Há quanto tempo não via a minha amiga! Por que vê-la em pesadelo? Fui para o banho e fiquei pensando de onde eu tirara tudo aquilo. As únicas respostas que encontrei foram estas, que pela manhã, arrumando estante, dei com um recorte de jornal antigo, que falava da criação de uma escola nos E.U.A. para alunos violentos, com retaguarda e assessoria de psicólogos,psiquiatras, assistentes sociais; na véspera, lembro-me de ter ficado olhando a menina virtual que socava a outra via BuddyPoke, no Orkut. Só isso que encontrei. Saí do banho e resolvi anotar tudo antes que esquecesse.