A Via-Crucis do Idoso
A VIA-CRUCIS DO IDOSO
Nasceu uma criança, disse Mara. É moreninha e tão gordinha, que deve pesar uns cinco quilos!
Pois bem. O desenvolvimento dessa criança... a infância, a puberdade, a adolescência, a maturidade e a idade senil.
É uma trajetória percorrida com muitos tropeços e alegrias, torcida organizada e tudo mais. É um investimento caro, ainda assim, muito desejado,deixando de se levar em conta o trabalho e o sofrimento que dá o seu crescimento.
A primeira fase é de adaptação e dependência total, acompanhado, cada momento, com carinho e emoção.
A segunda fase, de traquinices, o primeiro contato com a escola, os amiguinhos, os detalhes, os deveres, os brinquedos, as ilusões, os pais – fonte constante de orientação, prazer e infinito amor.
A terceira fase, a adolescência, vida conturbada, em que os desejos comandam a razão, na procura do incrível... do inacreditável mundo de preocupações, levando os pais, às primeiras noites de insônia e à colheita dos primeiros louros e experiências: as paixões, os encontros, as companhias, os espinhos, as feridas, as desilusões e as crises existenciais. O futuro, a responsabilidade,a formação da personalidade e as iniciativas dissociadas dos pais.
É nesta fase que o apoio se torna insofismável. A experiência dos mais velhos, pode sanar problemas de comprometimento com o “ego” muitas vezes desassistido. Mais adiante, o casamento, a moldura de uma nova família... os filhos, os netos e a velhice – “Viu-crucis” de um passado de lutas, nem sempre marcado de êxitos. Sua primeira frustração é a de não poder viver com um mínimo de decência,mais parecendo um Ser inflável, jogado de um lado para o outro, num ambiente de tensão, alguns, com um certo afeto; outros abandonados em asilos, desassistidos moral e psicologicamente. É nesse momento que o passado flui desordenado, necessitado dos filhos e parentes desmemoriados.
O idoso, formou barreira com todos, para construir a Pátria embevecida, erguida do seu suor transformado em rugas e feições desgastadas. O tempo é veloz! As mudanças são freqüentes; o jovem corre sem sentir e muitas vezes fica velho com pouca idade; assim, todos caminhamos. Não adianta nem fingir, porque a careca se descobre com mais nitidez.
O idoso devia ter mais felicidade. Ele cumpriu todos os requisitos, transpondo janeiros até chegar ao mais alto degrau de sua vida, que é a velhice – “status” de respeito e aplausos.
Amor, carinho, tratamento humano, são requisitos importantes no seu dia-a-dia, reflexão necessária de nós mesmos. O idoso precisa da nossa confiança, de sentimento verdadeiro, de assistência total e fraterna amizade; pense nisso!
O trabalho que ele lhe dá agora está longe de comparação; o trabalho que você lhe deu está longe de compensação. Procure no passado a razão destas afirmativas e busque as marcas que firmaram seu presente, na raiz que fez a vida vingar, como o caule da flor espalhando perfume.
Não jogue seu idoso na solidão de um quarto, transformando-o em objeto usado. É importante o calor humano no fim da vida.
Pela glória do seu tempo; pela força do seu pulso; pelo abono de sua conduta; pelo que lhe causou no passado, sobretudo, por viver com felicidade o presente, lute por um mundo transformador, para que o idoso possa usufruir dos bens da vida, sem dissabor, no meio dos amigos e parentes que lhe dão sustentação.
Zecar