DA AMIZADE

É muito bom a gente dispor do livre arbítrio para escolher as nossas amizades, nada imposto, nada obrigado. Gosto disto. E amigos, como é prazeroso tê-los! Não me sinto possessiva com relação a eles, mas gosto de sentí-los por perto, e feito o Drummond, também acho doce ouví-los, “ainda quando não falem, porque amigo tem o dom de se fazer compreender até sem sinais. Até sem olhos” (Flor, Telefone, Moça – Contos de Aprendiz).

Existe uma definição da turma da filosofia estóica (300 anos a.C), que chamava a atenção para a convivência entre as pessoas e afirmava ser o amor o desejo de alcançar a amizade de uma pessoa que nos atrai pela beleza. Já Montaigne afirma que na amizade as almas entrosam-se e se confundem em uma única alma, tão unidas uma à outra que não se distinguem, não se lhes percebendo sequer a linha de demarcação.

Outra coisa interessante que nos ensina Montaigne a respeito da amizade é que: “ Assim como a afeição que tenho por mim não se amplia com um serviço que preste a mim mesmo; assim como não sou grato a mim mesmo do serviço prestado por mim mesmo, assim a união de amigos atinge tal perfeição que os leva a perder a idéia de se deverem alguma coisa, e rechaçar todas essas palavras que tendem a estabelecer uma divisão ou diferença, como favor, obrigação, reconhecimento, pedido, agradecimento”.

Tem uma outra coisa da qual concordo plenamente com Montaigne é de que entre amigos um que puder dar alguma coisa ao outro, o benfeitor é que seria o favorecido. Colocando ambos acima de tudo a felicidade de obsequiar o outro, quem dá a seu amigo a oportunidade de fazê-lo é quem se mostra mais generoso, pois lhe outorga a satisfação de realizar o que mais lhe apraz.

É assim que vejo, é assim que penso sobre meus queridos e verdadeiros amigos...

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 27/01/2009
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