O guardador de pensamentos e a costureira de sonhos

Augusta Schimidt

Seu Quinzinho e Josefina são casados faz um tempão. Eles moram na Esperança, lá onde o vento canta amor e os pássaros coloridos se enamoram dos bordados de flores.

Na casa deles tem de tudo que é bom.

Não é muito grande e nem muito pequena, mas é uma casa calma e serena.

Tem quintal cheio de árvores pra sabiá cantar e descansar, tem jardim florido com borboletas aos quilos.

Tem paredes branquinhas, janelas grandes pro sol entrar, tem até rede pra namorar.

Seu Quinzinho é guardador de pensamentos e Josefina é costureira de sonhos.

Todos os dias, bem cedinho, quando o sol ainda se espreguiça, transformando a aurora em vida, renovação, os dois saem para o trabalho, cada qual com a sua missão.

Em Esperança tem uma rua que se chama Ilusão. Ali passam milhares de pessoas por dia e cada um com um pensamento diferente. Uns bons, outros nem tanto, uns sábios, outros bobos, uns bonitos, outros bem feios, enfim ali passa de tudo.

É nesta rua que seu Quinzinho e Josefina trabalham. Ele numa ponta com sua sacola cheia de tempo e ela com sua caixinha de costuras capaz de costurar sonhos e até fazer magias.

Conforme as pessoas vão chegando para o trabalho, vão deixando seus pensamentos estacionados a espera de poderem ser usados e seu Quinzinho vai tomando conta deles. Também acontece muito de pessoas deixarem seus sonhos, muitos deles algumas vezes estropiados, quase esquecidos.

É ai que Josefina entra com seu trabalho, costurando e os transformando em força, em vontade, muitas vezes ajudando-os a amadurecerem para que possam ser realizados.

Quando os pensamentos são muito emaranhados seu Quinzinho os guarda no bolso e leva para casa pra tentar consertar.

O mesmo acontece com Josefina. Quando o sonho é complicado ela guarda numa sacola de nuvens e quando chega em casa, espera a noite ir clareando e os lava com gotinhas de orvalho. Depois é só colocá-los no sol e deixá-los dourar.

Seu Quinzinho não tem medo de pensamento ruim. Ele tem um pó de asa de borboleta que misturado na água de chuva, transforma qualquer pensamento ruim em coisa boa. Se tiver calor então muito melhor, pois a energia é maior.

E quando ele pega pra guardar o pensamento de uma criança, aqueles com sabor de algodão doce ou então com sabor de chocolate! Aí sim seu Quinzinho se realiza. Guarda logo no céu da boca iluminado com um pirulito colorido feito um arco-íris. Assim não tem perigo nenhum de o pensamento da criança esmaecer. Vai ser sempre pensamento de criança até que ela vire gente grande.

Por vezes aparecem também sonhos de criança no baú de Josefina.

É que elas acabam pegando carona com a ventania e os sonhos fogem no cavalo alado. Mas na caixinha de costuras tem uma espécie de agulha mágica e quando isso acontece Josefina costura logo os sonhos com a linha do horizonte. Podem até ficar um pouco longe, mas quase sempre eles voltam na rabiola de uma pipa colorida.

Seu Quinzinho e Josefina são eternos, pois a esperança nunca morre.

Eles estarão sempre alertas nos pensamentos e sonhos para fazer cada dia de nossas vidas um braço de abraços para receber o futuro que não tarda.

Campinas/06/07/07

Augusta Schimidt
Enviado por Augusta Schimidt em 26/01/2009
Código do texto: T1404755
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