Nos tempos do vinil

Um dia desses, eu lendo umas das milhares de revistas que leio, ou tento ler, me deparei com uma matéria intrigante sobre a "volta" do vinil.

Sabe aquela bolacha preta, cheia de risquinhos que rodava na vitrola e um som era emitido nas caixas? Pois é, elazinha tem dado o ar da graça em pleno século XXI. O primeiro brasileiro dos novos tempos a fazer produção dessa forma é o Vini, sim, o Vini estará no vinil.

O que mais me intrigou na reportagem foram os argumentos para o retorno desse recurso. A pirataria de vinil é praticamente inexistente, a qualidade do som é mantida intacta, pois não se transforma em MP3 o áudio, como fazemos hoje com os tradicionais CDs.

Eu não estou aqui para falar de som, não tenho qualificações para tal e nem sou palpiteira ao ponto disso. O intrigante incômodo que surge em mim é outro:

Por que caminhamos tão adiante para lá na frente suspirar de saudades do ontem?

Sei que isso não acontece sempre, eu mesma não sinto a menor falta do tempo que minha geladeira parecia um coco (só tinha água dentro), mas sinto falta de uma bucolismo que havia no mesmo período.

Todo mundo alguma vez na vida já caminhou como louco e sentindo uma certa falta da largada quando rompeu a fita na linha de chegada, após passar a sensação de êxtase.

Esse sentimento deve ter lá sua explicação científica, mas eu sou dos devaneios e aqui vou caminhando em mais um dos meus simples, muito simples, devaneios.

As pessoas competem demais, para competir é necessário se mostrar competente, e todo esse “com”, faz de nós seres “só” (ou seriam “sós”?).

Soberbos e solitários vamos caminhando em busca da perfeição inalcançável. Quando competimos com nós mesmos, nunca há fim na luta, sem para quem olhar e dizer “ganhei de você”, sentimos como se não tivéssemos ganhado e continuamos com o pé no acelerador. Passamos de 300 km/h, sem ver mais carro algum ao lado, e é como se estivéssemos ainda na metade no velocímetro.

Nunca vamos chegar ao máximo porque sempre se pode ir além. Não estou fazendo apologia aos tempos do fogão a lenha. A questão é a insatisfação constante com o hoje, com o ter e só viver pensando no que se pode ter.

É mais uma das situações de pensarmos no amanhã e não vivermos o hoje (piegas?). Buscarmos no futuro algo além, sem saber que o hoje é suficientemente bom, lindo, leve e seu. E quando chegar o futuro você não vai se dar conta que chegou e que está vivendo um novo futuro.

“Não há amanhã, quando ele chega é hoje.”