AO SOM DO BOLERO DE RAVEL...
...eu presenciei um espetáculo extraordinário: o pôr-do-sol na praia do jacaré, em João Pessoa/PB. Não que este tenha sido o mais belo de todos os que eu já vi, porém foi, sem sombra de dúvidas, o mais interessante.
Aproveitei o final de semana para ir visitar a minha filha que mora na capital da Paraíba. Na tarde do sábado, não querendo rejeitar um convite, feito por ela, para irmos à praia e vermos o pôr-do-sol, enfrentei uma fila enorme de carros, ônibus e motocicletas, que também estavam indo ver esse show da natureza.
Realmente é.
Depois de quarenta e cinco minutos, num pára e anda, finalmente chegamos. Como atrativo primeiro, a estátua de um jacaré gigante (que achei parecido com aquele do desenho do Pica-pau) onde todos, sem exceção, pararam para bater uma foto agarrados ao distinto símbolo da praia.
Lembrem-se: eu falei “todos”.
Uma ruela estreita, servida por um calçamento, tendo de um lado lojinhas de artesanato e do outro os bares e restaurantes, numa extensão de cem metros, completavam a cena.
No meio disso tudo, o personagem intitulado “Estátua Viva” deixava turistas de boca aberta com o grau de imobilidade, mostrando uma técnica apurada, só sendo quebrada quando alguém depositava, na urna a sua frente, uma recompensa por tamanho esforço.
Ah! Aí também se tirava fotos.
Nem todos, dessa vez.
Gente não faltava. De todos os lugares do país e, também, do exterior. Uma quantidade enorme. Bem, pensei: se todo mundo está aqui para ver esse pôr-do-sol é porque deve ter seus atrativos.
E tinha.
Às cinco e meia, começou o espetáculo: todos os bares pararam de cantar, fazendo um silêncio quase que absoluto para um lugar onde tinha tanta gente. De repente, um som de saxofone se fez ouvir. Todos correram para o muro de contenção que separava a terra da água. Lá, no meio do braço de mar, uma pequena canoa, puxada pela força braçal de um pescador, levava um músico, em pé, todo de branco, tocando o bolero de Ravel.
As cenas seguintes foram de arrepiar: o sol fez sua curva descendente, majestoso como ele só, banhou as águas do mar, deixando um rastro de luz avermelhada, e se fez humilde ao deixar passar, por entre ele e os espectadores, o som do sax – que saía nas caixas acústicas de todas as casas daquele pedaço de paraíso.
Quando finalmente o sol se dispõe a desaparecer para banhar o outro lado do mundo, já não havia mais adjetivos nas bocas, de quem via o belo teatro da natureza, para descrever tamanha ousadia do Criador.
Confesso que fiquei petrificado diante de tanta beleza natural. Aquela pequena canoa passando ao largo, o sol se despedindo do dia, as águas sendo batizadas pelo seu clarão de fogo, um solitário saxofonista na imensidão do mar, um público ovacionando-os humildemente, enfim, tanta generosidade assim, só partindo da mãe natureza.
Registrei cada momento daquele. Não quis perdê-los. Não os perdi. Estávamos de frente para o poente e nos despedimos do astro-rei e lhe demos boa noite. Ao nos virarmos – todos os presentes -, o som foi uníssono: Ó! É que ao nos virarmos para o nascente, lá estava, toda majestosa, a lua.
Era tão perto, a distância, que ficou a impressão de que um tinha vindo deixar o outro. Enquanto o sol ia acordar o outro lado, a lua aparecia para vir dar descanso àqueles que tinham ficado até àquela hora para esperá-la mais uma vez.
Inesquecível!
Obs. Imagem da praia do jacaré ao pôr do sol com Jurandir e o seu sax tocando o Bolero de Ravel.
...eu presenciei um espetáculo extraordinário: o pôr-do-sol na praia do jacaré, em João Pessoa/PB. Não que este tenha sido o mais belo de todos os que eu já vi, porém foi, sem sombra de dúvidas, o mais interessante.
Aproveitei o final de semana para ir visitar a minha filha que mora na capital da Paraíba. Na tarde do sábado, não querendo rejeitar um convite, feito por ela, para irmos à praia e vermos o pôr-do-sol, enfrentei uma fila enorme de carros, ônibus e motocicletas, que também estavam indo ver esse show da natureza.
Realmente é.
Depois de quarenta e cinco minutos, num pára e anda, finalmente chegamos. Como atrativo primeiro, a estátua de um jacaré gigante (que achei parecido com aquele do desenho do Pica-pau) onde todos, sem exceção, pararam para bater uma foto agarrados ao distinto símbolo da praia.
Lembrem-se: eu falei “todos”.
Uma ruela estreita, servida por um calçamento, tendo de um lado lojinhas de artesanato e do outro os bares e restaurantes, numa extensão de cem metros, completavam a cena.
No meio disso tudo, o personagem intitulado “Estátua Viva” deixava turistas de boca aberta com o grau de imobilidade, mostrando uma técnica apurada, só sendo quebrada quando alguém depositava, na urna a sua frente, uma recompensa por tamanho esforço.
Ah! Aí também se tirava fotos.
Nem todos, dessa vez.
Gente não faltava. De todos os lugares do país e, também, do exterior. Uma quantidade enorme. Bem, pensei: se todo mundo está aqui para ver esse pôr-do-sol é porque deve ter seus atrativos.
E tinha.
Às cinco e meia, começou o espetáculo: todos os bares pararam de cantar, fazendo um silêncio quase que absoluto para um lugar onde tinha tanta gente. De repente, um som de saxofone se fez ouvir. Todos correram para o muro de contenção que separava a terra da água. Lá, no meio do braço de mar, uma pequena canoa, puxada pela força braçal de um pescador, levava um músico, em pé, todo de branco, tocando o bolero de Ravel.
As cenas seguintes foram de arrepiar: o sol fez sua curva descendente, majestoso como ele só, banhou as águas do mar, deixando um rastro de luz avermelhada, e se fez humilde ao deixar passar, por entre ele e os espectadores, o som do sax – que saía nas caixas acústicas de todas as casas daquele pedaço de paraíso.
Quando finalmente o sol se dispõe a desaparecer para banhar o outro lado do mundo, já não havia mais adjetivos nas bocas, de quem via o belo teatro da natureza, para descrever tamanha ousadia do Criador.
Confesso que fiquei petrificado diante de tanta beleza natural. Aquela pequena canoa passando ao largo, o sol se despedindo do dia, as águas sendo batizadas pelo seu clarão de fogo, um solitário saxofonista na imensidão do mar, um público ovacionando-os humildemente, enfim, tanta generosidade assim, só partindo da mãe natureza.
Registrei cada momento daquele. Não quis perdê-los. Não os perdi. Estávamos de frente para o poente e nos despedimos do astro-rei e lhe demos boa noite. Ao nos virarmos – todos os presentes -, o som foi uníssono: Ó! É que ao nos virarmos para o nascente, lá estava, toda majestosa, a lua.
Era tão perto, a distância, que ficou a impressão de que um tinha vindo deixar o outro. Enquanto o sol ia acordar o outro lado, a lua aparecia para vir dar descanso àqueles que tinham ficado até àquela hora para esperá-la mais uma vez.
Inesquecível!
Obs. Imagem da praia do jacaré ao pôr do sol com Jurandir e o seu sax tocando o Bolero de Ravel.