Sobre coelho, cachorro e galinha.
Tem orelha de coelho, pêlo de coelho...Sem sombra de dúvida, ele é um coelho.Veio para minha casa por livre e espontânea pressão dos meus filhos. Adoro animais, porém só de pensar em um coelho cavando e fazendo todo o resto no meu pátio me causava pânico. Não, eu dissera. Mas sim, ele veio.
No começo foi tudo como tinha que ser. Fase de adaptação (principalmente a minha). Foi construída uma casa especial para o novo membro da família. Feita de PVC, à prova de cupim. E lá, o recém chegado assustado, passava as longas horas do dia. Eu achava aquilo muito triste, mesmo para um animal irracional. Então, aproveitando a ausência das crianças, soltei o bicho!
Além do coelho, temos em casa um periquito e um cachorro. O periquito vive em sua gaiola e participa de tudo numa certa distância. Entretanto, assim que o coelho deu os primeiros pulos rumo à liberdade, me lembrei do cachorro. E durante a correria constatei a fama de corredor que os coelhos possuem. Sem o conhecimento das crianças, cão e coelho disputaram os direitos no pátio.
Depois de alguns dias de correria, cão e coelho passaram a viver em harmonia. Comem juntos (ração para cães), dormem juntos, e o animal de orelhas compridas , que conta a lenda, deveria ser muito assustado, tornou-se um bichinho dócil que adora carinho. Não faz buracos. E as necessidades somente na grama. Eu desconfio seriamente que ele pensa que é um cachorro.
Crise de identidade à parte, concluí com esta experiência que tanto os animais, quantos as pessoas, formam sua personalidade mediante o ambiente em que vivem. Se o ambiente é positivo, tranqüilo, incentivador, as pessoas que ali vivem serão otimistas, tranqüilas e confiantes. Já um ambiente oposto, formaria pessoas pessimistas, nervosas e inseguras. Neste resultado é que consiste a responsabilidade que possuímos como pais, educadores, líderes.
Esta história de coelho e de perda de identidade, me fez lembrar a páscoa e uma pergunta que outro dia meu filho fez: “Mãe o que o coelho tem a ver com a páscoa, se ele não põe ovos?” Tive que pensar um pouco para responder e, sinto que ele não entendeu direito. Na verdade, nunca convenceu a mim também. Vítima desta confusão, o coelho da páscoa deve jurar de pé junto que, é uma galinha.