A MULHER NA MÚSICA BRASILEIRA...
... já foi Cinderela e, vindo de onde viesse, era menina-moça de coração apaixonado, que descia a rua da ladeira e, caminhando ou sambando, era mulher de verdade, feita de amor. A Mulher brasileira – preta ou branca; pobre ou rica; bonita ou feia - era maravilhosa, cantada em verso e prosa.
Para ela foram feitas serenatas de amor e mesmo quando eram ovelhas negras ou o mundo as faziam rebeldes, elas se transformavam em uma nova mulher e faziam o homem gemer sem sentir dor.
Mas a negra de cabelo duro andou de mãos dadas com a loira burra e, junto com as tchuchucas, popozudas e cachorras começaram a dançar na boca da garrafa, viraram minhocas e dançaram pelo chão, entraram no quadrado e lá encontraram o siri que foi pego pela coelhinha.
Onde foi parar a divina e maravilhosa mulher na música popular brasileira? Não, ela não morreu, ela está resistindo a esta onda de desvalorização e continua viva nas canções inteligentes, que não estão nos primeiros lugares da mídia, mas ainda existem, graças a Deus!
A mulher brasileira, cantada, ou não, em verso e prosa está na lavoura, nas ciências, na literatura, nas forças armadas, nas artes e no lar. Está onde ela quiser, porque ser mulher, de verdade, ´é ir além dos preconceitos e rótulos.
Ser mulher é saber que “as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti” – mulher brasileira.
*Dedico esta crônica ao professor Ítalo Rebouças, que a inspirou com seu comentário sobre a maneira desrespeitosa como as mulheres são tratadas nas letras atuais, em contraste com as belas canções do passado (e algumas do presente, graças à Deus). Não fiz nenhuma pesquisa, por isso tenho certeza que ficaram de fora muitas letras que valorizam a mulher, usei os trechos que foram sendo lembrados durante a ‘feitura’ da crônica.