O que leva alguém a repassar uma corrente? Certa vez, abri a caixa de correios da casa da minha mãe e no lugar dos envelopes, um monte de papel solto.Levei-os para casa.Era a primeira corrente que eu havia visto.Eu não entendi muito bem aquilo, na época, já que eu era só uma criança.Só me lembro da minha mãe escrevendo folhas e mais folhas, copiando a mensagem que havia ali.Certamente foram parar na caixa de correio de algum vizinho.Coitada da minha mãe.Coitado dos meus cadernos.
A coisa informatizou-se e foi parar na Internet: basta-me abrir a minha caixa de e-mails que eu encontro meia dúzia delas.Correntes de amizade, religiosas, de gente desaparecida (que nunca desapareceu), para ajudar criancinhas doentes, simpatias de amor. O mais curioso é a nota de rodapé destes peculiares textos: "gente, é só pra garantir... nunca se sabe!".
Com o tempo, deixei de abrir tais mensagens logo que via um monte de: ”Fwd: FW: ENC: En: Fwd: FW: En: FW”. Ninguém merece.
O problema é a saia justa depois com o amigo:
-Você recebeu minha mensagem?
Cansada de receber essas pragas em formas de palavras, cutuquei de leve uma colega:
- Você acredita mesmo nestas correntes?
- Ah, sei lá.Eu encaminho todas, fico com peso na consciência quando não faço isso.
Eu não saberia dizer quais são as piores, mas as de amizade são complicadíssimas. Você “tem” que repassar a bendita corrente para todos os amigos, inclusive o que te mandou, como prova insofismável (como diria o recantista Daumon) de carinho. E aí vem a saia justa de novo: a pessoa fica lá, esperando pela mensagem, contando quantos amigos ela têm de fato.Socorro! Precisa disso para dizer que ama o amigo? Quanta carência!
Alguém já deu algum depoimento do tipo: as correntes mudaram a minha vida? Fico imaginando como seria isso:
“Graças a uma corrente, não me sento numa cadeira de cinema sem examiná-la dez vezes depois que me avisaram que uma pessoa pegou o vírus da Aids ao sentar-se numa agulha contaminada.;
“Só bebo refrigerante no copo depois de saber que o pai da Daniela Sarayba morreu de leptospirose ao beber numa lata toda melecada de xixi de rato.”
“Não saio mais com ninguém na balada.Não quero acordar numa banheira de gelo após ter alguns órgãos roubados”.
Eu não leio nenhuma, nem repasso.Não consinto com tanta superstição!
Mas como tem gente que acredita, lá vai:
“Repasse a crônica que você acabou de ler para quinze amigos nos próximos trinta minutos e terá todos os seus desejos realizados ainda este ano.Caso contrário,nunca há de conseguir o que você quer.”
Brincadeirinha...
(Maria Fernandes Shu- 23 de janeiro de 2009)
A coisa informatizou-se e foi parar na Internet: basta-me abrir a minha caixa de e-mails que eu encontro meia dúzia delas.Correntes de amizade, religiosas, de gente desaparecida (que nunca desapareceu), para ajudar criancinhas doentes, simpatias de amor. O mais curioso é a nota de rodapé destes peculiares textos: "gente, é só pra garantir... nunca se sabe!".
Com o tempo, deixei de abrir tais mensagens logo que via um monte de: ”Fwd: FW: ENC: En: Fwd: FW: En: FW”. Ninguém merece.
O problema é a saia justa depois com o amigo:
-Você recebeu minha mensagem?
Cansada de receber essas pragas em formas de palavras, cutuquei de leve uma colega:
- Você acredita mesmo nestas correntes?
- Ah, sei lá.Eu encaminho todas, fico com peso na consciência quando não faço isso.
Eu não saberia dizer quais são as piores, mas as de amizade são complicadíssimas. Você “tem” que repassar a bendita corrente para todos os amigos, inclusive o que te mandou, como prova insofismável (como diria o recantista Daumon) de carinho. E aí vem a saia justa de novo: a pessoa fica lá, esperando pela mensagem, contando quantos amigos ela têm de fato.Socorro! Precisa disso para dizer que ama o amigo? Quanta carência!
Alguém já deu algum depoimento do tipo: as correntes mudaram a minha vida? Fico imaginando como seria isso:
“Graças a uma corrente, não me sento numa cadeira de cinema sem examiná-la dez vezes depois que me avisaram que uma pessoa pegou o vírus da Aids ao sentar-se numa agulha contaminada.;
“Só bebo refrigerante no copo depois de saber que o pai da Daniela Sarayba morreu de leptospirose ao beber numa lata toda melecada de xixi de rato.”
“Não saio mais com ninguém na balada.Não quero acordar numa banheira de gelo após ter alguns órgãos roubados”.
Eu não leio nenhuma, nem repasso.Não consinto com tanta superstição!
Mas como tem gente que acredita, lá vai:
“Repasse a crônica que você acabou de ler para quinze amigos nos próximos trinta minutos e terá todos os seus desejos realizados ainda este ano.Caso contrário,nunca há de conseguir o que você quer.”
Brincadeirinha...
(Maria Fernandes Shu- 23 de janeiro de 2009)