Falando à uma estrela

Quero crer que quanto mais a pessoa brilhar aqui na terra, mais brilhante será sua estrela no céu. Por isto Mario Quintana, a tua deve ser aquela linda, brilhante, amarela que vejo de minha janela, enquanto no meu coração repousam os teus poemas. Aqueles versos que reli tantas vezes que até parece que fui eu que os escrevi.

Vejo teus sapatos reflorindo e os grilos tão importantes cricrilando aqui e ali. aquele canto doce que te fez sonhar à beira de um rio, e o anjo de asa quebrada....Genial! Com que ternura escreveste o poema para o menininho doente.

Me fascina teu modo peculiar de falar na morte, como se dela zombasses.

Eras um velho menino que queria seus brinquedos de volta. Ficavas a olhar os bondes no dobrar da esquina e analisavas a anatomia da tua querida Porto Alegre, como ninguém o fez

Fazias versos como os saltimbancos com o coração a girar na ponta dos dedos. Belezas raras!

Depois feito um bruxo, transformavas um céu de estrelas em um belo campo de margaridas. Vou seguindo enfeitiçada colhendo pétalas de tua poesia.

Teu andar agora, Mario, deve estar ainda mais leve nas madrugadas do alem.

Que saudade de teus quintanares, e até do teu geito disfarçado de despistar inconvenientes.

Sentias uma dor infinita das ruas que não andaste, eu dos versos novos que não mais farás.

Gerci Oliveira Godoy

13/4/2001