O Sr. Viegas
O senhor Viegas era o caixa de uma loja de roupa ali para os lados do Martim Moniz.
A Matimar vendia artigos em grandes quantidades, como grossista, para pequenos vendedores de feira. Exportava até para Angola. O trabalho era monótono para os vários empregados. Mas só o Sr. Viegas parecia pouco rendido à mansidão dos dias passados entre donas Joaquinas e donas Ermelindas. Disfarçado pelo aspecto pacato e maçudo fervilhava um gaiato irrequieto que apreciava uma boa gargalhada de riso. O ambiente era formal. O gerente, sisudo. Por vezes Viegas não se conseguia conter. Como daquela vez que chegou cinco minutos atrasado, e com a casa cheia anunciou de chofre: “ Morreu a Amália!” As matrafonas do costume largaram em prantos, ai que morreu a Amália, morreu a Amália, que desgraça. Os colegas de boca aberta a tentar digerir o espanto e a dor. Passados quinze minutos diz o Sr. Viegas: “ Morreu a Amália, sim senhor, a minha vizinha do lado, a dona Amália, coitadinha, também já andava doente há uns anitos.”
Ficaram sem lhe falar duas semanas. Não apreciavam o seu sentido de humor. Isso ainda o açirrava mais. Ria-se sozinho. Dos outros todos.
Um dia o Sr. Viegas lembrou-se duma partida que considerou genial. Arranjou uma pequena caixa de cartão, das que dariam para colocar um soutien gigante de mamalhuda.
Defecou cuidadosamente lá para dentro uma poia bem formada de cerca de dez centímetros por três de diâmetro. Fechou a caixa e embrulhou-a com o melhor papel de fantasia que havia na loja. Parecia uma linda prenda com laço cor-de-rosa e tudo.
Atravessou a estrada e colocou a oferenda no centro do banco da paragem do eléctrico.
Foi para casa solitário. Riu durante todo o dia a imaginar as variadas hipóteses de conclusão da história que tinha despoletado. Quem teria aberto a prenda?
O senhor Viegas era o caixa de uma loja de roupa ali para os lados do Martim Moniz.
A Matimar vendia artigos em grandes quantidades, como grossista, para pequenos vendedores de feira. Exportava até para Angola. O trabalho era monótono para os vários empregados. Mas só o Sr. Viegas parecia pouco rendido à mansidão dos dias passados entre donas Joaquinas e donas Ermelindas. Disfarçado pelo aspecto pacato e maçudo fervilhava um gaiato irrequieto que apreciava uma boa gargalhada de riso. O ambiente era formal. O gerente, sisudo. Por vezes Viegas não se conseguia conter. Como daquela vez que chegou cinco minutos atrasado, e com a casa cheia anunciou de chofre: “ Morreu a Amália!” As matrafonas do costume largaram em prantos, ai que morreu a Amália, morreu a Amália, que desgraça. Os colegas de boca aberta a tentar digerir o espanto e a dor. Passados quinze minutos diz o Sr. Viegas: “ Morreu a Amália, sim senhor, a minha vizinha do lado, a dona Amália, coitadinha, também já andava doente há uns anitos.”
Ficaram sem lhe falar duas semanas. Não apreciavam o seu sentido de humor. Isso ainda o açirrava mais. Ria-se sozinho. Dos outros todos.
Um dia o Sr. Viegas lembrou-se duma partida que considerou genial. Arranjou uma pequena caixa de cartão, das que dariam para colocar um soutien gigante de mamalhuda.
Defecou cuidadosamente lá para dentro uma poia bem formada de cerca de dez centímetros por três de diâmetro. Fechou a caixa e embrulhou-a com o melhor papel de fantasia que havia na loja. Parecia uma linda prenda com laço cor-de-rosa e tudo.
Atravessou a estrada e colocou a oferenda no centro do banco da paragem do eléctrico.
Foi para casa solitário. Riu durante todo o dia a imaginar as variadas hipóteses de conclusão da história que tinha despoletado. Quem teria aberto a prenda?