ESTRELA

— Dia lindooo, dia lindooo vamos acorda sua preguiçosa, o sol nos espera.

— Me deixa dormir mais um pouco.

Disse isso cobrindo a cabeça com o cobertor e ele não teve dúvida, descobriu seu rosto lhe dizendo:

—Tem um dia maravilhoso nos esperando, toma coragem e pula dessa cama.

E deitou ao seu lado lhe fazendo cócegas.

— Eu quero sair com você, lhe dizia rindo e ela carinhosamente lhe diz:

— Só vou sair se eu puder levar o meu cobertor.

E ficaram ali brincando por minutos, mas ele estava determinado, trabalharam a semana toda e nada melhor que um sábado de verão para dar um passeio.

— Ontem de madrugada recebi uma indicação de um lugar lindo, e é para onde eu vou te levar, vamos levanta.

Ela enfim cede aos apelos carinhosos de seu namorado e...

— Esta querendo me levar para onde?

— Para as terras das Minas Gerais onde é Belo o horizonte e com muita água rodeada de muito verde.

— E eu vou ter que decifrar esse enigma?

— Inteligente como é vai ser fácil.

Tomaram um café, animados, pegam a câmera para registrarem tudo e partem felizes, e ao chegarem ele a abraça lhe perguntando:

— É ou não é maravilhoso esse lugar.

E ganha um beijo como resposta e ficaram ali filmando tudo e brincando de artistas, ela fazendo poses sedutoras e ele de galã, as margens da lagoa da Pampulha, em Belo horizonte até o inicio da tarde daquele sábado, e ao passarem em frente do museu, ela apaixonada lhe pergunta:

— Quem foi que lhe indicou esse lugar? — E fazendo uma cara interrogativa completou. — Ainda mais de madrugada. — Ele a olhou bem sério e disse. — Um viajante, e mal terminou de falar um som estranho interrompeu aquela resposta, era um miado, determinados, saem a sua procura, até chegarem à beira da lagoa.

E um sentimento de horror os envolvem, quando percebem que o som vinha de um pequeno embrulho, amarrado a um pedaço de madeira, que boiava ao sabor do vento, uma cena dantesca emoldurada por um som agonizante, e com ajuda de um galho, o resgatam e o colocam em segurança sob a relva baixa e quando rompem as amarras daquele barco sinistro ela demonstra todo o seu horror com lagrimas, quando aflora não um gato, mas sim uma linda garotinha de poucos meses de idade que foi lançada à própria sorte na lagoa, e quando já estando com os bombeiros, Vera Lucia refeita do susto olha para a câmera e a sente com o peso do registro do milagre da vida e emocionada pergunta:

— Quem te indicou esse lugar?

E J. Cruz lhe responde:

— Foi uma estrela cadente.

DiMiTRi

t22/3/2006 13:29