O sertão.

Meio-dia, o sol treme lá fora, o céu azul…não há sinal de que algum dia volte a chover.
A minha rede está puída, mesmo assim, é nela que repousa meu corpo cansado.
Nela me fortaleço ou desabo em sonhos.
Os meus pés já não aguentam este chão em brasas.
Será Deus a castigar esta terra de ninguém?
Todas as noites faço minhas preces... Adormeço.

SONHO.

Sonho que o dia vem raiando...
Sinto cheiro de terra molhada.
Ouço o barulho da chuva caindo no velho telhado.
Sinto o cheirinho de café vindo da cozinha.
Vou até a janela dar uma espiadinha...
Tudo tão belo, que meus olhos negam-se a crer.
O verde predomina a paisagem, que ainda ontem era de tom marrom ( terra)
Meu mandacarú florido. Choro.
Mesmo sonhando, desconfio que tudo aquilo possa ser verdade.
Os sonhos mentem.
Choro novamente. Agora acordado.
Abro os olhos.
Não há barulho de chuva, nem flores...
Nem mesmo o café existe.
Choro mais... Muito mais.
Vejo agora o olhar do meu filho, triste e seco.
A dor que sinto não pode se narrada.

Questiono.

Por quem fui esquecido?
As únicas gotas que sinto, são as que rolam pelo meu magro e enrugado rosto.
Até quando?

Choro em plenos pulmões.



Foto por. Alanée Rodrigues







alanee
Enviado por alanee em 22/01/2009
Reeditado em 23/03/2009
Código do texto: T1398357
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