Me ouve, me escuta...

Conversavam cuidadosamente: Ela mais velha, ele mais jovem.

Falavam sobre frustrações pessoais, sobre o quanto é complicado, às vezes, realizar aquilo que queremos muito.

Fiquei ali, quietinha ouvindo tudo. Compartilhando em off do assunto.

Me vi nas falas dos dois. Ela dizia a ele, depois de ouvir o seu desabafo: Eu entendo sua frustração, por conta de achar que suas restrições no sentido de estudo, te impedem de dar um salto pessoal/profissional.

Que tudo que realizou até aqui foi com muito, muito esforço. Mas veja por outro lado, mesmo que ache isso bobagem, na dificuldade a gente aprende, a gente se prepara... Tudo tem uma contra partida, tudo você vivência. Mesmo os momentos de frustrações nos propõem alguma coisa positiva, boa, relevante.

Veja os casos onde os pais mais afortunados dão tudo para seus filhos e eles não aproveitam, não dão valor... Agem como burgueses, perdem o que ganham dos pais, sem ao menos perceber o que estão perdendo de fato! Se desfazem do uso da própria inteligência.

Ela se colocou como exemplo. Falou do esforço que fez lá atrás, quando ainda jovem cursou a graduação. Mesmo morando longe, com poucos recursos, ganhando pouco como estagiária, não desistiu. Seguiu adiante!

Me vi naquela fala, me vi nos dois lados, no que ouvia, simplesmente, e com vontade de escutar e no lado que falava, com o apoio do coração puro e fraternal.

Sai do ambiente com vontade de registrar a conversa. Registrar a relação de amizade, tão importante em nossas vidas! Registrar a relação da escuta, do ouvir, do sentir... Do silêncio-oculto, sábio, tão sábio! Necessário para nosso caminhar diário.. E que cabe a cada um de nós escolhermos ou não valorizá-lo!

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 22/01/2009
Reeditado em 22/01/2009
Código do texto: T1398276