O canto dos rouxinois

Outro dia eu ouvi o canto dos rouxinóis. Era dois, talvez um casal. Eu estava sentado na casa da fazenda, escrevendo e só escutava o trinar de suas músicas divinais. Parei um pouco para escutar e via o vôo rasante das aves por entre as plantas do jardim de inverno, num movimento sinuoso e lindo que me fez enternecer.

Eu amo as coisas da natureza. Gosto da época das chuvas e fico triste na estiagem. Talvez, mais por ser um nordestino e ter crescido com o receio das secas. Por isso eu ouço o cantar do vento entre as palmeiras e o ruído da avestruz depois dos capinais. Canto o sorriso do tempo em minha mente e me deixo quedar calmamente.

Eu sinto o passar da esperança no coração daqueles que aguardam, assim como sei versar sobre a saudade, mesmo sem a vivenciar. Apenas tenho no coração a lembrança de tantas vidas passadas, quantas as que eu tenha vivido e aprendi a tirar de cada uma a experiência certa para o momento preciso na vida atual.

São os passos dos dias que me fazem sorrir. A morte é minha companheira, pois eu amo viver. Paradoxo? Aquele que teme a morte se restringe em sua aventura pela vida, assim, aquele que deseja viver intensamente precisa entregar a Deus o seu corpo e viver a sua vida a cada momento como se este fosse o último, aqui.