MARIAM
Acabei de ler A Cidade do Sol [Kaled Hosseini] e a emoção da estória e uma profunda tristeza me fez escrever o que me passa na alma. Luciah
" O que se ve, Mariam, é isso, a escuridão na barriga das nuvens".
Há um riacho que separa os tempos e um sol inclemente que acende o olhar dos djins enquanto o coração grita tentando entender o significado das palavras. Escritas de sangue na poesia da pele.
O vento castiga os ramos do salgueiro e chora ante o sono que encerra cada sofrimento e faz marejar os olhos do velho mulá de barba branca.
Em seu coração ela ouve. Enquanto com seus lábios ela diz: " Se voce for, eu morro. Simplesmente eu morro".
A mulher núvem, inatingível, intocável em sua dor desenha um dragão que carrega as suas esperanças. Dispostas em prateleiras, empilhadas e escondidas em casas de barro.
A noite atapetada, toma impulso na lua que cochila e cobre com seu véu a cabeça dos noivos, aproximando os olhares no falso espelho d'água.
Os cabelos crespos, o miolo da maçã a aliança a boneca de pano, o anel de pedra da lua...o doloroso grito e a voz para sempre muda.
Uma pedra. Duas, três, quatro...um corredor, uma estrada longa demais para ser percorrida sem alguém que lhe sustente a mão.
Saudade... Que choro é esse que só chora em ângulo reto?! Mariam jo... Um ritual diário de sonhar acorrentada por debaixo da burqa, risca e rabisca um nome de luz e o seu próprio nome - o MEM, o REH, o YA e chora a própria existencia enquanto tenta entender a história beijando a fotografia no porta retrato.
Harami! Harami!
Quem pode culpá-la por ser bastada, se Deus a fez assim, aldeã e mulher?!
Que sentido efêmero tem um beijo? Repartido ao meio qual asa de borboleta?! Um beijo pendendo do varal da boca... da boca! Para quê, afinal Mariam costura olhos de boneca esperando por uma lufada de vento seco?
Seiscentos e cincoenta quilomentros é a distancia?! Não! Muito mais. Cinco mil quilometros são pouco para esta distancia. -"Onde está o meu bebe?! Ouço o seu choro e o meu agora"...
"A Allah pertencem o leste e o oeste, e para onde quer que vos volteis lá encontrareis a face de Allah..." Nunca se esqueça disso porque agora lambem-me as línguas de fogo e sangue e nas calçadas de pedra o grito ecoa - escrevendo num pergaminho aveludado todas as lendas que o mensageiro trouxe.
A cidade é vermelha agora e a sombra corre solta pela rua envolvendo os minaretes, descobrindo a poesia de Nezami porque os séculos se repetem. Apenas se repetem...
Mulher do sonho, mãos de anjo, Mariam jo colhe as pedras e as joga fora antes de criarem raízes. A primavera não quer mais chegar, mas foi Deus quem plantou as flores verdes enquanto ela ainda dormia.
Quem plantou os sonhos? Quem?! Não é adequado sonhar enquanto os mísseis ainda estão nas tuas mãos e ainda explodem no meu peito como estrelas, revirando as páginas desta estória, fazendo a pele arder na carícia da chibata.
Os mortos são os inocentes que sangram em silencio... Mariam jo, agora sabe disso e improvisa um sorriso fechando os olhos e os sonhos.
O silencio e as borboletas... Milhões delas. Borboletas lhe contam estórias sobre um lugar que não existe, assim como ela Mariame jo, que também não existe mais.
Aperta as mãos e sente o anel de "pedra da lua"...
Abre os olhos enquanto caminha pisando na própria sombra e na sombra de seu carrasco.
É silencio na Cidade do Sol.
Mariame, não existe mais.
www.luciahlopez.prosaeverso.net
Acabei de ler A Cidade do Sol [Kaled Hosseini] e a emoção da estória e uma profunda tristeza me fez escrever o que me passa na alma. Luciah
" O que se ve, Mariam, é isso, a escuridão na barriga das nuvens".
Há um riacho que separa os tempos e um sol inclemente que acende o olhar dos djins enquanto o coração grita tentando entender o significado das palavras. Escritas de sangue na poesia da pele.
O vento castiga os ramos do salgueiro e chora ante o sono que encerra cada sofrimento e faz marejar os olhos do velho mulá de barba branca.
Em seu coração ela ouve. Enquanto com seus lábios ela diz: " Se voce for, eu morro. Simplesmente eu morro".
A mulher núvem, inatingível, intocável em sua dor desenha um dragão que carrega as suas esperanças. Dispostas em prateleiras, empilhadas e escondidas em casas de barro.
A noite atapetada, toma impulso na lua que cochila e cobre com seu véu a cabeça dos noivos, aproximando os olhares no falso espelho d'água.
Os cabelos crespos, o miolo da maçã a aliança a boneca de pano, o anel de pedra da lua...o doloroso grito e a voz para sempre muda.
Uma pedra. Duas, três, quatro...um corredor, uma estrada longa demais para ser percorrida sem alguém que lhe sustente a mão.
Saudade... Que choro é esse que só chora em ângulo reto?! Mariam jo... Um ritual diário de sonhar acorrentada por debaixo da burqa, risca e rabisca um nome de luz e o seu próprio nome - o MEM, o REH, o YA e chora a própria existencia enquanto tenta entender a história beijando a fotografia no porta retrato.
Harami! Harami!
Quem pode culpá-la por ser bastada, se Deus a fez assim, aldeã e mulher?!
Que sentido efêmero tem um beijo? Repartido ao meio qual asa de borboleta?! Um beijo pendendo do varal da boca... da boca! Para quê, afinal Mariam costura olhos de boneca esperando por uma lufada de vento seco?
Seiscentos e cincoenta quilomentros é a distancia?! Não! Muito mais. Cinco mil quilometros são pouco para esta distancia. -"Onde está o meu bebe?! Ouço o seu choro e o meu agora"...
"A Allah pertencem o leste e o oeste, e para onde quer que vos volteis lá encontrareis a face de Allah..." Nunca se esqueça disso porque agora lambem-me as línguas de fogo e sangue e nas calçadas de pedra o grito ecoa - escrevendo num pergaminho aveludado todas as lendas que o mensageiro trouxe.
A cidade é vermelha agora e a sombra corre solta pela rua envolvendo os minaretes, descobrindo a poesia de Nezami porque os séculos se repetem. Apenas se repetem...
Mulher do sonho, mãos de anjo, Mariam jo colhe as pedras e as joga fora antes de criarem raízes. A primavera não quer mais chegar, mas foi Deus quem plantou as flores verdes enquanto ela ainda dormia.
Quem plantou os sonhos? Quem?! Não é adequado sonhar enquanto os mísseis ainda estão nas tuas mãos e ainda explodem no meu peito como estrelas, revirando as páginas desta estória, fazendo a pele arder na carícia da chibata.
Os mortos são os inocentes que sangram em silencio... Mariam jo, agora sabe disso e improvisa um sorriso fechando os olhos e os sonhos.
O silencio e as borboletas... Milhões delas. Borboletas lhe contam estórias sobre um lugar que não existe, assim como ela Mariame jo, que também não existe mais.
Aperta as mãos e sente o anel de "pedra da lua"...
Abre os olhos enquanto caminha pisando na própria sombra e na sombra de seu carrasco.
É silencio na Cidade do Sol.
Mariame, não existe mais.
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