LIBERDADE NO TEXTO.

Dizia-me a professora

Pause, vírgulas.

Uma pausa pequena para cadenciar o texto.

Pontos, finalizando idéias intermediárias.

Parágrafos para pensamentos completos ou suficientemente desenvolvidos no contexto.

Ponto final é o fim.

Mas, queria escrever sem pausa nenhuma.

Coisas de gente em se fazendo gente, quando o tempo parece acabar, e o pensamento doido quer ser expressar de uma única vez, sem ponto final que cheira à morte, ao fim, ao nada mais a dizer.

A pontuação viola o furor juvenil. Já se apresentam disfarçadamente a censura e a opressão das regras de conduta que virão mais adiante na juventude emancipada e na vida adulta.

Não se quer pontuação, na adolescência e na vida também, e muito menos ponto final.

E o nosso sistema de ensino não entende e oprime, quando proclama liberdade, sem saber ao menos o que seja o significado da palavra no sentido concreto do termo.

Proclama a liberdade da adequação completa do processo criativo, da arte, às amarras da pontuação burocrática.

O talento não reclama pontuação, porque o ritmo certo lhe vêm à cabeça e vai ao papel com a coerência da liberdade verdadeiramente livre.

Quem diz, desdenhando das regras, diz bem sem o saber.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 15/04/2006
Reeditado em 16/04/2006
Código do texto: T139716