LIBERDADE NO TEXTO.
Dizia-me a professora
Pause, vírgulas.
Uma pausa pequena para cadenciar o texto.
Pontos, finalizando idéias intermediárias.
Parágrafos para pensamentos completos ou suficientemente desenvolvidos no contexto.
Ponto final é o fim.
Mas, queria escrever sem pausa nenhuma.
Coisas de gente em se fazendo gente, quando o tempo parece acabar, e o pensamento doido quer ser expressar de uma única vez, sem ponto final que cheira à morte, ao fim, ao nada mais a dizer.
A pontuação viola o furor juvenil. Já se apresentam disfarçadamente a censura e a opressão das regras de conduta que virão mais adiante na juventude emancipada e na vida adulta.
Não se quer pontuação, na adolescência e na vida também, e muito menos ponto final.
E o nosso sistema de ensino não entende e oprime, quando proclama liberdade, sem saber ao menos o que seja o significado da palavra no sentido concreto do termo.
Proclama a liberdade da adequação completa do processo criativo, da arte, às amarras da pontuação burocrática.
O talento não reclama pontuação, porque o ritmo certo lhe vêm à cabeça e vai ao papel com a coerência da liberdade verdadeiramente livre.
Quem diz, desdenhando das regras, diz bem sem o saber.