O Cachorro Louco

É naquela rua que tem o cachorro louco. Sim, ele é louco mesmo. Quando passo, ele fica latindo feito doido, rodando em volta do rabo e sua loucura é tão grande que ele próprio bate sua respectiva cabeça no portão.

Um dia aí, passava eu feliz naquela rua tranquila e residencial. Mas o cachorro, que ali eu avistei, estava solto. Passeando e latindo feito desesperado e deixando os outros cães enlouquecidos.

Eu não gostaria de morar na rua do cachorro louco, é uma barulheira de cachorros latindo detestável.

Eu passava por ali e lá estava o cachorro solto e latindo. ELE QUIS ME MORDER! Morder-me! Sim, veio cheio de dentes para cima de mim.

O que faço, corro ou fico parada? - Pensei.

E sua Dona (único ser que ama aquele cão) disse calmamente: - Ô meu bem, não faça mal criação! Vem aqui meu bebê.

Vem aqui meu bebê... O cachorro querendo me ATACAR, e ela falando com o cachorro como se ele a entendesse.

Não sei, talvez, se eu tivesse um cachorro eu conversaria com ele. Mas não tentaria dizer calmamente para ele não fazer mal criação para a moça que passa na rua, certo?

O negócio é que o cachorro desnorteado estava tão desnorteado que saiu chacoalhando a cabeça, e, graças a Deus, foi-se! E eu apertei o passo para ele não se lembrar de mim novamente.

Fiquei com medo.

Ta, estou descendo a rua de novo, e dessa vez já é noite. Ando calmamente querendo apenas chegar em casa e comer meu prato de comida que satisfaz minha faminta...? FOME!

O que eu avisto? A dona do cachorro louco abrindo o portão e ele saindo feliz latindo ao Deus dará!

E o que acontece? Todos os outros cachorros querendo sair pelo vão dos portões das casas.

Ta. Ok. Mantenha a calma. Passe calmamente pelo cachorro e finja que ele não existe!

Lá estava ele. Agora corria latindo em todos os portões que tinha um cachorro.

Passe calmamente. Apresse o passo. E ufa! Ele está atrás de mim. Acho que não me viu. Está distraído com os outros cães...

Já pensou?

Eu vindo feliz e os dentes caninos (CANINOS!) do cão vindo perfurar meu tornozelo. Não sei por que, mas quando falo sobre mordidas de cachorro, sempre acho que ele irá morder meu tornozelo.

O meu tornozelo. Não é o joelho, nem meu pescoço. É o meu tornozelo!

Seus dentes perfurariam primeiramente minha pele, depois chegaria na carne e que sá(!) o osso!

RAIVA! Talvez ele tenha raiva e por isso é tão louco. Ou então, sei lá... Não quero que o cachorro louco me morda. Ele é um vira-lata, até seria bonitinho, se não fosse louco. Mas agora ele já passou e não irá mais me morder.

Porque não há nada pior do que ser mordido por um cachorro! É pior do que ser atropelada! Não. Não é não... Quer dizer, é sim. Dependendo do atropelamento. E se for um atropelamento de bicicleta, hãn?!

Bom, o meu sonho é ser atropelada de bicicleta por um artista famoso e bonito. Pense só: Eu vindo tranquilamente enquanto o famoso bonitão vem andando, também tranquilamente, com sua bicicleta. Peito bem musculoso, barriguinha de tanquinho, braços fortes e um sorriso Colgate! E então, sem querer ele me atropela! E assustado vai me prestar socorro. Consequentemente ralaria o joelho. E está JORRANDO sangue nesse exato momento.

- Está machucada?- Perguntaria ele, muito educado.

- SIM ESTOU! MUITO! Oh como dói!

- Você precisa de um médico!

- Não, o que isso, nem precisa! – Me faço de difícil.

- Precisa sim, vou te levar.

E pronto, estarei andando com o famoso bonitão, mesmo que indo para o hospital e com o joelho ralado.

Mas querem saber o que vai acontecer?

No meio do caminho, vou tagarelando e dizendo coisas super interessantes para que ele pense “Puxa! Como essa garota é interessante”. E no fim, por educação, ele irá me convidar para ir a sua casa tomar um banho de piscina e comer canapés (eu adoro canapés).

E eu me farei de difícil de novo, “Ah que isso! Nem precisa! Mas quando posso ir?” Ele irá dizer que posso ir no próximo fim de semana, e que seu motorista me pegará em casa. Anotaria o telefone dele e pegaria o seu endereço.

Claramente ninguém iria acreditar que fui atropelada por um famoso bonitão e muito menos que ele me chamou para ir à sua pequena e humilde mansão tomar um banho de piscina.

Mas o que importa?! Eu tenho a prova, aqui está o papel com o telefone dele! Agora seria conhecida, colega, ou até mesmo amiga íntima dele!

Eu só espero que ele não tenha um cachorro, e louco!

Carolina Hanke
Enviado por Carolina Hanke em 21/01/2009
Reeditado em 25/07/2012
Código do texto: T1396625
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