11 de Janeiro de 2009
“Linda, a dor não é tão glamourosa assim afinal”. Condenado outra vez a mais uma tarde neste inferno covarde. A boca cheia de ância, as mãos em imperfeito estado para cuspir o que a boca tem de engolir. A desordenada ordem nos pensamentos, a falta da vontade, a vulnerável saudade, o gosto do beijo da serpente, a dor dos ferimentos pelas costas, o abraço do medo, o que achava que nunca iria acontecer, que iriam lhe fazer. A ruína dos planos proclamados, a incapacidade de concentração, o porquê de não saber quando começou, ou mentir dizendo isso, pois fingir não saber não conta. Atrevido sentimento que não faz sentido, maldito não cansa de machucar o peito, que sem certezas de mais nada, aquece a alma. Sensação desagradável, lesada, estado anômalo dos órgãos, sofrimento físico, moral, mágoa, aflição, condolência, remorso, mau-querer. “A dor não é tão glamourosa assim afinal”. Já não parece nada demais.