34

Quatro anos atrás, eu andava inquieta. Prestas a me tornar balzaquiana, temia tudo o que cruzar essa barreira representava. Uma mulher de 30 anos. Temia as primeiras rugas, talvez até mesmo alguns fios de cabelos brancos. Depois de uma infância e de uma adolescência em que o problema era ser magra demais, o início da idade madura me encontrava com o peso certo, mas com as primeiras gordurinhas se acumulando na barriga. Para piorar, eu não estava casada, não tinha filhos, e não havia perspectiva de que isso acontecesse a curto prazo.

Em meio a temores e até mesmo a uma certa depressão, os dias e as semanas se passaram, e eu fiz 30 anos. Os meses continuaram passando, e, aos poucos, percebi que minha idade tinha mudado, mas eu continuava a mesma. Errando, acertando, conquistando muitas coisas, falhando em outras. Aprendendo sempre. Eu estava mais velha do que quando entrara na casa dos 20, sim, mas continuava me sentindo a mesma: adulta em muitas coisas, inexperiente e até mesmo criança em outras.

Agora, quatro outros anos se passaram, e eu fiz 34. Parte dos temores continua, e se renova quando cada aniversário chega, mas aos poucos aprendi a não dar a eles tanta importância. Confesso que ainda penso que o tempo está passando rápido demais, que eu gostaria de ainda estar com uns 25, de já ter formado uma família, de isso, de aquilo... Sei que ainda tenho muito a conquistar, que quero muitas coisas que por enquanto não alcancei, que muitas batalhas que esperava ter vencido há tempos ainda precisam ser travadas.

No entanto, estou mais em paz com o tempo. Aprendi que posso utilizá-lo a meu favor. Sinto-me bem mais bonita do que aos 20, mais madura, mais experiente. Percebi também que posso conhecer mais pessoas e lugares, fazer coisas com as quais cinco, dez anos atrás eu nem sonhava. Tenho todas as condições de aproveitar a vida, de me divertir, de viajar, de dançar, de fazer maluquices de vez em quando. Posso trocar o carro, ter aulas de dança, aprender um novo idioma, voltar a estudar ou, se preferir, fazer um cruzeiro pelo Caribe. Ou, quem sabe, tudo isso de uma vez. Por que não? O tempo passa, por isso é preciso usá-lo bem.

Mas o mais importante é ter sempre em mente que não é a nossa idade que nos faz ser quem somos: nós somos quem nós nos fazemos, independente de termos 15, 20, 25, 30 ou 35 anos. Ou 34, como é o caso dessa balzaquiana aqui... com muito orgulho!

Maristela Scheuer Deves
Enviado por Maristela Scheuer Deves em 21/01/2009
Código do texto: T1396044
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.