Simplesmente mulher

Em 1957 aconteceu a primeira revolução feminina do planeta; reivindicando, dentre outras coisas, a equiparação salarial com os homens. Desde então se tornou imperativo que, a mulher fosse forte o bastante para alinhar-se ao sexo oposto na luta pela sobrevivência econômica e social. Mulheres conquistaram o seu espaço no campo de batalha e trataram de providenciar as armas que, as tornariam equiparáveis aos seus companheiros no amor, e na guerra.

Na década de oitenta, Erasmo Carlos desmistificou em melodia perfeita a fragilidade feminina. Foi se exterminando dia após dia a espécie Sexo Frágil. A pretensão tomou as devidas proporções e contrariando a natureza biológica e divina, batalhões de mulheres desertaram da condição de fêmeas mansas, criativas e criadoras e embrenharam-se pelos campos onde, fraquejar ou chorar é tudo o que não pode, nem deve acontecer.

Mulheres mostraram a força e lutaram. Mulheres disputaram cargos e venceram. Mulheres dividiram as dezenas de tarefas com competência. Mulheres administraram filhos com eficácia. Mulheres continuaram sendo amantes com bravura. Mulheres de tantos feitos ganharam um dia internacional só para elas.

Mas lutar corajosamente carregando tanto peso nas costas, é tornar-se vulnerável a si mesma. Na revolução feminina subestimou-se a essência divina. Contrariar a natureza é provocar catástrofes. Mulheres do século XXI repensam a condição de homenageadas e analisam o quanto vale a pena seguir lutando em pé de igualdade. Fêmeas legítimas, muitas vezes desejam render-se a uma posição que lhes permita cansar de vez em quando e gritar: ”Trégua! Preciso chorar neste momento”.

Mulheres lutadoras, frutos de uma revolução necessária, precisam de colo que as acolha, de ombro que as ampare, de ouvidos que as ouçam e corações que as entendam. Mulheres imbatíveis precisam cair, expor seus ferimentos e de alguém que os cure de vez em quando. Mulheres do Terceiro Milênio necessitam de uma revolução que lhes devolva o direito e o tempo necessário para serem o que sempre foram: Frágeis sim! Qual é o problema?

Ao inquirir a um dos meus mestres (quando me preparava para lutar no campo profissional), porque ele subestimava a nós mulheres em relação aos homens, uma vez que afirmara sermos muito mais criativas, estratégicas, e organizadas, ouvi a resposta sem pestanejar e nunca a esqueci: “A mulher seria imbatível com certeza, se não tivesse filhos. Quando um filho chama é a mãe que larga tudo e corre. Mesmo estando no meio do fogo cruzado, ela abandona as armas e foge (sem um arranhão) para cumprir o papel no qual é invencível: ser mulher. Ou seja, nada é mais forte para uma mulher do que a sua essência feminal.”.

Desfrutemos do dia que nos foi dado com honraria. Recebamos os louros e medalhas com orgulho. Não regozijemos, entretanto, pelo mérito da força que desenvolvemos, e sim pela fragilidade que possuímos que, não nos torna fracas, apenas corajosamente femininas.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 20/01/2009
Reeditado em 25/01/2009
Código do texto: T1394730