Os negativos de Jack Spencer

Sentava mais uma vez no velho sofá vermelho que não combinava muito com resto da casa, mas comprara numa loja apenas por vaidade.Sua casa era um contraste constante, mas indicava muito sobre quem era Jack de verdade.As paredes de sua sala eram brancas, branco gelo na verdade, ela gostava de diferenciá-lo, no meio do branco o que dava vida ao cômodo era, além do sofá, uma enorme pintura que fez da entrada de um cemitério em Londres, muito expressivo, muito “ podre ” como ela dizia, apesar de ser sua pintura preferida de toda a casa, referia-se ao ambiente em que ela transformara a sala, diferente de uma pintura com flores que combinaria muito mais com o sofá, mas essa pintura ela colocou no quarto, as rosas num jarro azul-marinho em cima de um pedaço de veludo vermelho. Seu quarto não era muito diferente dos outros cômodos, as paredes eram beges mais escuro, sua cama era de metal pesado, mal trabalhado, único, Jack gostava de coisas únicas, como filha única. Possuía dois criados mudos, da mesma cor da sua cama de metal, era ali que guardava tudo importante de sua vida, no da esquerda da cama estavam os documentos de toda sua vida, e no outro, a direita, suas lembranças: fotos,cartas, presentes, cupons, qualquer coisa que a fizesse lembrar de alguém especial. O que Jack mais gostava de seu quarto era a vista, não para rua, afinal todas as janelas de seu apartamento davam para muros de tijolos; as de seu quarto davam para a parede lateral de um bar que nunca fora, não pelo do bar em si, mas sim pela falta de interesse, estava sempre ocupada demais para relaxar, era sua desculpa habitual,. No entanto sua vista preferida era a porta de seu estúdio, ali sim ela relaxava e vestia personagens, fantasiava, não importava, revelava fotos e ela mesma, usava negativos e mascaras.