COR DE CAMARÃO

Estou bem longe do bronzeado tipicamente brasileiro. Aliás, já deixei de lado a mania de perseguir uma cor que, principalmente, durasse o ano inteiro. Para isso, por certo, teria que dispensar um tempo, que não tenho, para esquecer-me diariamente debaixo do sol. Quando questionam minha cor “branco escritório”, simplesmente digo que depois dos 25, 30 anos a ordem é fugir dos raios solares. Assim, me esquivo das cobranças, principalmente a de que é inadmissível estar pálida em pleno verão.

Desde pequena é assim: para conseguir um belo bronzeado tinha que começar gradativamente minha exposição ao sol. Enquanto minha turma saía de casa às 11h da manhã para retornar às 15h para o almoço, eu tinha que fugir do sol neste período e, portanto, perdia a companhia dos amigos. Em geral, ia para a praia com as crianças, num programinha bem familiar. Mas, o sacrifício valia a pena pois conseguia a tão sonhada morenice. Hoje me faltam tempo e paciência para ficar quieta, quase em transe, debaixo do sol. Minha ansiedade não me deixa ficar parada por muito tempo, sem fazer nada. Por causa da afobação, curto o verão à distância, sentindo apenas o vento e a maresia.

Mas, de vez em quando cometo algumas sandices, como neste fim de semana, que, entretida à beira-mar com amigos, passei do tempo permitido para minha pele incolor. O vento dava a sensação de que tudo estava aparentemente bem. Que nada, bastaram algumas horas para eu sentir ‘na pele’ os estragos do sol daqueles breves momentos de distração. Na sequência, muito hidratante e pomada para minimizar a situação.

A palidez que me acompanhava, até então, deu lugar a um vermelhão – que não me deixou tão culpada assim. Afinal, até que a corzinha de camarão serviu para espantar por uns dias a branquelice, dando a sensação que também faço parte desta praia. Até a próxima aventura no litoral, haja camiseta para expor a marquinha que o sol deixou.

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 20/01/2009
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