O saber da leitura

O SABER DA LEITURA

Tonha: antoniazilma@hotmail.com

Ao recordar como aprendi a ler na minha infância, me pus a imaginar como a criança tem possibilidade de aprender também. No meu caso, aprendi antes de ir pra escola, porque tive acessibilidade e sempre fui muito curiosa, não podia ver uma palavra escrita, seja onde fosse, e quando via as sinalizações na estrada, tinha que saber pra que serviam, por exemplo. Não acho tão complicado, é tudo uma questão de como fazer esta descoberta maravilhosa, que é a leitura em nossa vida.

Toda criança antes de freqüentar a escola certamente já viveu a leitura de mundo em sua vida; até mesmo no ato do seu nascimento, pelos movimentos motores, a percepção, o choro, o reconhecimento da família, suas preferências, enfim, sua vivência. O fato é que nem sempre a diversidade da pratica social é levada em conta nas salas de aula, mas podemos perceber que o olhar pedagogicamente construído acerca da leitura vem remetendo uma postura ética mais madura aos profissionais desta área. Os programas de Formação Continuada estão cada vez mais acessíveis aos professores e aos coordenadores pedagógicos para uma constante reflexão e aprimoramento dos saberes e fazeres pedagógicos, onde o nosso saudoso Paulo Freire contempla a teoria da práxis: ação/reflexão/ação, com humildade de rever, redimensionar o olhar, o fazer.

Não tem como viver sem leitura, ela se faz presente em toda parte: em casa, na rua, nos bares, na mídia, onde e com quem estejamos, através da comunicação com o leitor pelos gestos, a fala, os símbolos e até mesmo pelo silêncio. É papel da escola fazer ponte entre a leitura e o leitor competente, pois ler não significa apenas decifrar signos, e sim, dar sentido a eles, compreendê-los. Quando a criança chega à escola, aparentemente, tem expectativas de aprender a ler e a escrever e não é a criança que precisa se adaptar a escola, pelo contrário, é a escola que deve se adaptar a realidade que constitui o (a) aluno (a). Somos nós profissionais de Educação que devemos nos preparar para atender a diversidade que a escola tem por obrigatoriedade receber, como consta na LDB (Lei de Diretrizes e Bases).

No início do ano letivo, toda equipe escolar deve se reunir, para fazer o mapeamento dos estudantes, através de um planejamento que considere os conhecimentos prévios dos alunos, suas necessidades fundamentais... A escola precisa ouvir, conhecer e lançar um olhar que rompa paradigmas ultrapassados que só servem para juntar amontoados de coisas velhas que não valem mais. Escola é lugar de ensinar e de aprender; os conhecimentos são sistematizados na escola. É de suma importância que haja mediação entre professor/aluno/conhecimento e para que haja aprendizagem significativa é preciso que os profissionais tenham cada vez mais abertura para o novo e disponibilidade para aprender a “olhar” e desenvolver didática de ensino de qualidade, de forma lúdica, criadora, que contribua para o envolvimento de seus alunos a desenvolver a capacidade criadora de raciocínio lógico, resolver situações problemas do cotidiano, questionar a realidade, ler as entrelinhas, tornar-se leitor competente, criar e recriar, construir uma pessoalidade humana e se apropriar de saberes científicos.

Ler significa ver o que não foi mostrado, interagir com o autor da mensagem verbalizada ou não, compreender, interpretar, posicionar-se. Ao longo da estrada, ainda fui mais além: cheguei à conclusão de que sem leitura não existe vida humana, porque antes de sermos fecundados alguém deve ter lido uma expressão facial, o significado de um abraço, a alegria da satisfação de gozo... Tudo isso precede nossa existência e faz parte da dinâmica de existir e de ser. Todo profissional deve ser amante de sua profissão para ter a sensibilidade de sentir prazer no que está fazendo e perceber, que temos capacidade de desenvolver um trabalho de qualidade, de plantar boas sementes em terrenos férteis, ou naqueles que mesmo preparando a terra, custam a crescer... Como os pedregosos por exemplo. No entanto, quando vemos os frutos sem árvores frondosas nos deliciamos.

Por fim, vale dizer que na escola existem muitos talentos que só precisam serem descobertos, valorizados, explorados e que não é tarefa fácil a de envolver os alunos para a promoção do pensar, do conhecer; é um processo gradativo, construído... Conquistado.

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 19/01/2009
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T1393291
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