DIA DE SORRIR
Que intrigante é o ato de viver: um dia chora, no outro sorri; um dia se diz feliz, no outro infeliz; um dia ama, no outro desama; num dia lamenta, no outro rende graças. Confesso que conheço essa gangarra. Se já me lamentei tempos atrás este final de semana foi de sorrir. Uma turma de amigos, desses que vivem de bem com a vida, felizes e despreocupados, travestidos de Robbin Williams, no filme Patch Adams, invadiram a minha praia com o intuito de me fazer sorrir. E não deu outra, fui contagiada com a alegria deles. E quanto rimos e quanto nos divertimos! Só que as nossas conversas sempre me faziam lembrar de Malu. E por quê? Explico: certa vez escrevi um texto, que pela concepção dela eu pareci pedante com a personagem da história quando disse que ela ( a personagem) não sabia diferenciar um licor de jenipapo de um vinho do Porto e censurando-me acrescentou: melhor seria que você tivesse oferecido uma xícara de café pra ela. ( Coisas da alma sensível da Malu ). E essa lembrança persistia quando os meus amigos passavam a falar de suas viagens mundo afora, relatando fatos pitorescos acontecidos em Portugal, Paris, Grécia, Alemanha, Itália, Rússia etc. etc. Ou então o assunto descambando para uvas e vinhos. Com que facilidade discutem uvas! Pinot Noir, Cabernet Souvignon, Chardonay, Merlot etc. etc... E sobre vinhos! E deitam falação sobre Beaujolais, Premier Grand Cru Classé da Chateeau margaux 2.000, Romani Conti... E sobre comida? Um diz que comeu faisão com risoto de funchi em Campos do Jordão; outro diz que comeu camarão flambado no champanhe no Ritz/Paris; vem outro e diz que comeu cordeiro com arroz piamontese e molho encorpado de maracujá no bairro de Placa em Atenas; e salta outro e diz que se deliciou com medalhão suíno ao molho duo de mostarda dijon no Fasano/SP; também tem quem lembre que comeu lagosta ao thermidor com parmeson da Calábria, na Costa Almatina (Riviera italiana) e por fim, teve gente que comeu trutas ao molho de nozes e castanhas em Portugal. Realmente, a essa altura não dá pra segurar o riso e me vem uma vontade danada de perguntar pra Malu: Hei, Malu, eu escrevo sobre isto? Será que ela me responderia assim: Poxa Zélinha, esta crônica vai ficar pedante. Eu riria muito mais e diria pra minha querida amiga: sabe, Malu, os meus amigos são assim mesmos, mas não são esnobes, só brincam de ricos o tempo todo, são todos boa gente e eu os amo. PS: Hei, Malu, esqueci de dizer: dessa vez também derramaram vinho chileno e quebraram uma taça de cristal, mas não fui eu não, viu?