Quando os sinos tocam no domingo

De minha casa ouço o sino da igreja... É um convite que me toca a alma... Os sinos repicam como anjos chamando do alto da torre. O relógio soa suas badaladas dentro de meu coração... É tempo... É hora! E se vestem as mulheres com seus trajes de domingo. Lá bem longe um pássaro voa... Uma brisa corre... As folhas farfalham nos galhos das árvores saudando a manhã que nasce. Assim, abro a porta da sala...

Há um perfume de vida no ar... Borboletas brancas voam desenfreadamente...

“Hoje é dominho do pé de cachimbo...” Ainda me lembro dessa canção... Meus irmãos cantavam-na sempre que eu e Gislene íamos à missa no domingo... Ouço a voz de minha mãe:

_ Gislene, passa a roupa do Zé! Hoje esse menino vai à missa!

Tlim... Tlom... Tlim... Tlom... O sino no alto da torre... Os homens passam pela calçada da praça da matriz... Sapatos novos, chapéus na cabeça, Eu sei que irão tirá-los (-) Eles farão reverência a Nossa Senhora no altar...

É uma missa que acontece desde que sou menina... Em outros tempos eu ficava na escada olhando o padre e suas beatas passarem por mim... Eu costumava pedir a benção ao Monsenhor Olavo:

_ Deus te abençoe, menina!

E ele, com aquele olhar bonachão de São Pedro, dava-me uns bombons... Essa era a melhor parte! Minha irmã perguntava por que o padre me dava aquelas balas... “Ora, mana! Eu conto histórias para ele!”. Como ela iria entender? Nós havíamos combinado... Cada história valia cinco bombons! Eu adorava falar dos assuntos da ponte de ferro e de minhas malinações... O padre, aqui e acolá, mandava-me rezar umas ave-marias... Mas se tinha algo que eu não gostava era de tecer o rosário...

Tilm... Tlom... Tlim... Tlom... Deixa-me seguir mais rápido… O padre é pontual…

O pipoqueiro já está na parte lateral da igreja... Comprarei ao sair... Como minha mãe fazia em meu tempo de criança...

“Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu. (...)”.

É a oração! Bem no fundo de minhas lembranças ouço meu avô Doca resmungando: “É Padre-nosso! Que se diz!”. E eu ria!

Agora me consinta fechar os olhos e rezar... Tantos pensamentos!

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 18/01/2009
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