Seis graus de separação
Foi assistindo a um filme que tomei conhecimento dessa teoria aparentemente cientifica. Pelo menos dois amigos meus, o Físico Pernambucano e o Matemático Mineiro tentaram explicá-la para mim a luz de suas respectivas ciências. Não entendi nada. Fico mesmo com a explicação da Wilkpédia.
A origem desse mito que pode bem não ser mito, mas verdade incontestável originou-se de um estudo cientifico. Segundo essa teoria são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas entre si.Mesmo que essas pessoas estejam em lados opostos do mundo. O caso é que dessa constatação surgiu uma peça de teatro que virou filme e série de televisão. Com a internet e a criação de sites de relacionamentos então a teoria deitou e rolou. E o assunto veio a minha mente por causa do Max. Bem, o Max é uma pessoa que conheci através da internet há poucos dias. O Max perdeu uma chave e alguém lhe deu uma dica: peça a São Longuinho. Impedido de sair de casa, pois a chave perdida era a do automóvel, o Max resolveu buscar informações na Net. E sabem onde o Max foi parar?No meu texto, As coisas Perdidas. E aí o Max leu, achou interessante e fez um comentário. Só para registro, disse ele. Entre mim e o Max, havia um Santo Homem, o Longuinho, das causas perdidas, aquele que acha o perdido para você se pedir com jeitinho e der três pulinhos. E daí para frente de registro em registro Max e eu estamos nos reconhecendo como amigos. Certamente temos alguns relacionamentos em comum, mesmo que sejam frágeis, pois o Max esteve por aqui, em Lavras e também em Arantina, onde nasci. Em um de seus últimos registros ele falou do filme: Seis graus de separação, sem muitas lembranças, mas com a lembrança essencial. Os seis graus de separação. Já não são nem seis mais. São menos. E eu fiquei pensando em alguns acontecimentos curiosos em minha vida e é do relato de alguns desses acontecimentos que vai sair a minha crônica de hoje. Acontecimentos limitados a minha vida como escrevinhadora e principalmente como leitora.
Há alguns anos atrás eu publiquei um pequeno conto em uma revista literária já extinta. MC, sentado em uma biblioteca nos subúrbios do Rio leu a história e se apaixonou por ela. Resolveu me conhecer. Tinha ele um amigo em uma cidade do circuito das águas, não muito longe daqui. Entrando em contato com o amigo arriscou. Não, o amigo não me conhecia, mas tinha um parente aqui em Lavras. Procurou se informar e surpresa: os parentes do amigo eram amigos de minha irmã. Logo MC apareceu e nos tornamos amigos. O projeto que ele queria levar para frente não vingou (filmar a história), mas nos tornamos amigos e nos correspondemos assiduamente por uns tempos. Depois a vida passou e separou nossos caminhos. Durante algum tempo eu ainda via seu nome nos créditos do Fantástico, mas hoje nada dele eu sei mais. Nem São Google me ajuda.
MF saiu de Lavras muito cedo. Eu não o conhecia pessoalmente, mas em SP ficou famoso como jornalista e publicitário, logo eu sabia quem ele era. Um dia tive uma surpresa. Fui a uma Agência de Revistas fazer minhas compras habituais e a proprietária me disse: MF está aqui e quer conhecer você. Perguntei a razão sem nada entender. Ela disse: ele leu uma carta do leitor que você escreveu para uma revista feminina e se interessou. Mais um amigo brilhante entrou para a minha vida assim, do nada. Pena que morreu. Era um homem de uma inteligência profunda com quem dava gosto conversar.
Também interessante foi a história que vivi, sem tê-lo conhecido pessoalmente, com um escritor de romances policiais bastante famoso. Dele, eu vou citar o nome, ou melhor, o pseudônimo: Ed Mc Bain. Desde meninota eu era vidrada nas histórias policiais que ele escrevia e se passavam em um distrito policial de uma cidade fictícia. Na minha cola vinha minha irmã Regina, lendo os livros que eu comprava. Então um dia ela cismou que iria viver nos Estados Unidos e se foi. E lá, entre trancos e barrancos, foi vivendo sempre a procura de uma vida melhor. Se a que tinha aqui era boa não queria de maneira nenhuma viver lá pior do que aqui. E um dia ela atende um anuncio para ser Secretaria pessoal de um escritor. Que ela nem sabia quem era porque ele usava o seu nome real. Chegando lá acho que ela até se descontrolou emocionalmente ao descobrir quem era. E não pôde deixar de contar a nossa história, a minha e a dela. O caso é que ele também se emocionou e ela foi contratada imediatamente. E eu passei a ter em minhas estantes livros autografados com mensagens pessoais. Se quisesse poderia ter ido conhecê-lo, mas hoje, isto é impossível porque ele também morreu.
A internet então torna esses seis graus bem mais eficientes. Fiz uma amiga em um site de relacionamentos sobre literatura e fiquei sabendo alguma coisa dela. Sabia por exemplo que vivera algum tempo em Poços de Caldas. Um dia, participando de um encontro cultural em Belo Horizonte, havia uma representante dessa cidade. Perguntei-lhe: Você conhece a Lucila? Claro, somos comadres, respondeu. Mas faz anos que não vejo. E assim pude dar notícias de uma para outra. E como esta, outras histórias interessantíssimas eu vivi ou me contaram. Portanto, pode não ser uma lei, pode nem mesmo ser comprovada, um mito, mas que é muito estimulante, lá isso é.