POBRES MENINOS CARENTES...
Não foram os destemperos, os escândalos, a embriaguez da Maysa Monjardim que me despertou comoção. Foi o seu filho Jayme Monjardim.
Posso imaginar e mesmo sentir a dor da carência daquele menino. Tendo tudo, não tinha nada... Digno de sustentar aquele gasto dito – “Pobre menino rico!”. Quantas horas amargadas pela ausência de um simples desejo de boa noite, um afago nos cabelos, uma história para ouvir antes de dormir ou um beijo que acalenta num momento de enfermidade.
Sofri ao assistir a microssérie “Maysa”. Muito mesmo. Chorei por que mãe e pai que amam seus filhos, tomam as dores de todos filhos para si. Porque sabemos que todas as crianças são iguais e têm os mesmos quereres, as mesmas dores e carências.
Crianças têm fome de amor, de abraço e beijo de mãe e pai. Só que a figura da mãe retrata afeto, carinho, aconchego, colo. Por isso, dói muito mais quando uma mãe “abandona” um filho do que o pai. Abandonar refiro-me aqui num sentido figurado. Quero dizer, deixar num colégio interno ou para que os avós cuidem ou que a educação deles seja responsabilidade das empregadas domésticas ou de alguém similar.
Podem cobrir a crianças de mimos, de presentes. Mas, nada vai suprir o vazio e a carência do amor e da presença de uma mãe. Nunca. Por mais moderno que o mundo esteja, filho será sempre filho carecendo de amor de seus pais. Brinquedos, confortos, objetos de valor; tudo isso um dia quando a criança se tornar adulto, vai poder comprar tudo o que desejar. Agora o amor que faltou no tempo oportuno, aquele vazio, aquela carência, vai ser sempre um buraco negro, uma mágoa que não passa por mais passe os anos... A história da Maysa está aí para comprovar o que digo. Hoje entendo aquele olhar distante e carente do Jayme Monjardim...
Pais não devem desculpar-se pelo excesso de trabalho, pela vida corrida para não estar presente com seus filhos. Quando há amor, nós encontramos tempo para conciliar tudo que nos é caro. Mesmo que nos custe esforço, devemos procurar meios de estar ao lado deles.
Tenho convicção que assim como o Jayme Monjardim, muitos filhos trocariam confortos e privilégios pela simples presença amiga e o carinho do amor de seus pais.
Acho que o Jayme Monjardim foi um rapaz de muita honradez e que a sorte de Deus esteve ao lado dele para que seguisse um caminho reto. Quantos jovens por serem “abandonados” ou “trocados” por viagens, festas, famas, sucessos, carreiras, vícios, fraquejam e por revolta ou desamor, se entregam às drogas, ao alcoolismo e ao amor desenfreado.
Acho que não saberia viver feliz se imaginasse que meus filhos sofressem por carências e vazios causados por mim. Ser mãe para mim é muito mais que colocar filho no mundo. É entrega, é desejo, é querer, é responsabilidade e amar desmedidamente até o fim.
Será que você tem sido presença para seu filho? Cuida para que o vazio e a carência não tomem conta da vida dele. Nunca se sabe com o que os nossos filhos vão ocupar os lugares vagos...